quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Qual a sua parte?

O que você tem feito para ajudar a preservar o meio ambiente? Ok, os discursos são bonitos, mas a verdade é que muitos sabem que os males existem, mas poucos, pouquíssimos agem em defesa da natureza. Qual a sua parte? Qual a sua contribuição? É sempre bom pensar nisso... Pensar e agir.

Sim, sou defensora do meio ambiente, embora não seja perfeita, ainda cometo alguns deslizes, mas, tenho colocado em prática algumas pequenas ações que se feitas por todos já daria mais alguns anos de vida ao planeta. Um exemplo dessas pequenas ações está na redução do uso de sacolas plásticas. É um ato simples, porém, pelo que tenho observado, poucas pessoas se importam com isso. Esses sacos plásticos demoram em torno de 500 anos para se decompor, são uma bomba atômica no meio ambiente, mas despertar essa consciência nas pessoas não parece ser tarefa fácil. Eu tenho algumas sacolas retornáveis e procuro usá-las o máximo possível, mas fico espantada com a surpresa dos vendedores quando digo que não precisa colocar os objetos nas sacolas plásticas que me oferecem. Alguns chegam a não aceitar a minha solicitação, insistem para que eu use a sacola e ainda me olham intrigados quando dispenso e coloco a mercadoria na bolsa ou em alguma outra sacola que já esteja em mãos, o que já aconteceu incontáveis vezes. Chega a ser engraçada a cara de surpresa que fazem. Às vezes, eu explico o motivo e eles riem, uns parabenizam, dizem que ninguém pensa nisso. Alguns estão alienados, acham que é frescura, papinho furado de ambientalista chata. O mais curioso é que em alguns estabelecimentos onde já ocorreram tais situações, há sacolas retornáveis à venda e campanha para redução do uso das plásticas, mas pelo visto esqueceram de fazer um trabalho educativo com os funcionários. No meu trabalho, existem lixeiras específicas para cada tipo de lixo e um programa louvável de reciclagem de materiais. Fico triste por não funcionar no meu setor de trabalho, porque além de nem todos agirem em favor do programa de reciclegem (vejo copinhos de café constantemente dentro de lixeiras destinadas a papel, por exemplo), os funcionários misturam todo o lixo quando o recolhem.

Foram apenas alguns exemplos de alguém que está um pouco cansada de agir solitariamente. Mas tenho fé de que conseguirei mais adeptos. Há alguns. Mas o planeta precisa de todos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mais uma mulher no espelho

Olhar para trás conforta a alma. A vaidade ainda existe, mas não é tão fácil encarar o espelho. A pele viçosa só nos retratos que carrega e exibe para mostrar que um dia foi jovem. Espelhos só engordam, só distorcem, só mancham, só maltratam. Necessidade de ser a outra, aquela que tinha o corpo esbelto e arrancava suspiros do sexo oposto. As filhas, que já são duas mulheres, têm o viço da juventude que ela tanto inveja. É uma inveja estranha, não queria sentir, parece cruel, mas sente, estranhamente sente. O armário pode estar repleto de roupas, mas não servem, já não caem bem em nenhuma circunstância. Em suas filhas, tudo encaixa. Os suspiros agora são delas. Precisa ouvir elogios, mas só quem ouve são elas. Sim, querida, esse vestido ficou perfeito, será a formanda mais linda da festa. Na filha, tudo cai bem, mas nela... O que vou vestir? Na formatura vou encontrar com toda a família, amigos, colegas. Deus, como queria ter ficado guardada no passado. Não é a roupa que não serve, minha amiga. São as pesadas marcas do tempo, esse “ser” inexorável.

(Imagem: Google)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Nova temporada

Voltei à "blogagem". Quase minhas flores secaram, mas já estou tratando de regá-las outra vez. Estava vamos dizer assim... na correria. Na verdade, sempre estou, mas há momentos que eu corro mais depressa. Agora, diminuí um pouco a velocidade. Desligar o botão, não consigo. No twitter, continuei a todo vapor. Ele exige menos caracteres de mim. I'm back again. Besitos!

A uma rainha

Coração em frangalhos e cenas repetidas. Fortaleza em abalo. Desafinos. Dureza no olhar. Flores ressecadas pelo tempo. Diálogos esparsos. Palavras vãs. Retratos distorcidos. Sorrisos convertidos em lágrimas. Dor ferina. Vaso partido com cacos colados. Muitas fissuras. Amor recolhido. Seu nome é Regina. Rainhas precisam de reis.

domingo, 15 de novembro de 2009

Aos leitores

Leitores que por aqui passam,

A "vida real" tem me ocupado bastante, o que tem me feito escrever pouco no blog. Além das tarefas diárias que cada vez aumentam à medida que o final do ano se aproxima, tenho decisões importantes a tomar, o que tem exigido bastante de mim a todo momento. Quando tudo estiver mais tranquilo, serei mais assídua por aqui e também na leitura dos blogs dos e-amigos, afinal, é assim que se constrói toda a graça. Os comentários são um sinal de que alguém compartilha conosco os nossos escritos. Prometo regar melhor as flores em breve.
:-)

sábado, 7 de novembro de 2009

Momento dadaísta

O clima ficou pesado entre nós, a brincadeira deles exigia uma platéia e não estávamos a fim de participar. A outra viagem que não cessa? Na varanda, lá fora, há dezenas de espanta-espíritos em cerâmica. O passado é como o mar: nunca sossega. Na vocação pela vida está incluído o amor, inútil disfarçar, amamos a vida. Entro no sol, atravesso seu coração vermelho-cálido e acordo num campo de ouro que pode ser também o mar. Assim que abri a porta de casa, saiu ao meu encontro a sensação física de que eu não estava sozinho. Óbvio. Silêncio. História. Vida. Noturnas. Sobreviver. Intermitências.


(Fragmentos de livros de Agualusa, Lygia Telles, Saramago e Beatriz Brecher, não necessariamente nesta ordem, escolhidos ao léu)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mulheres

Mulheres já foram mudas, mas quando conseguiram tirar a mordaça da boca e o cinto de castidade das pernas, vestiram calças e foram à luta. Depois disso, os homens parecem mais fracos, mais lentos, menos espertos, enquanto as mulheres avançam com uma força inabalável. A teoria do sexo frágil caiu por terra ou mudou de lado. O movimento feminista ganhou a causa. Hoje, mulheres são arrimo de família. Mas a intenção, suponho, era que os homens acompanhassem o ritmo. Na velha frase que diz Atrás de um grande homem existe sempre uma grande mulher, o “atrás” já perdeu terreno faz tempo e em seu lugar foi colocado “ao lado”. Talvez a intenção divina ao criar o homem e a mulher tenha sido essa, de seguirem lado a lado. A sociedade mudou o desígnio. Há religiões, pautadas em escritos bíblicos, que afirmam a supremacia do homem perante a mulher, que deve se manter obediente ao seu marido. Corta essa! Faz-me rir. Não acredito que Deus pense assim.

Mil desculpas aos homens, mas fiquem espertos porque as mulheres estão com tudo e não estão prosa. E muitas andam a circular não mais atrás nem ao lado, mas à frente, reinando absolutas. Penso que seria melhor uma certa equidade. Tomar a frente de tudo às vezes cansa.

(Imagem: Google)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Entre gritos e sorrisos


Com quem ama, grita.
Ao algoz, sorriso.
Resultado: culpa.
Solidão: castigo.


(Imagem: Google)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ninhos

De repente, começou a vislumbrar a possibilidade de sair do ninho. Desconhece as artimanhas do destino. Tem medo. Não é fácil abandonar a zona de conforto. Sentimentos múltiplos. Mas deseja seguir. Há muito sabe que é preciso não só sair da casca, mas também sair do ninho. Fora, tudo é incerto, mas atraente. É preciso seguir, ouve no canto de um pássaro. Porque a vida é efêmera e o ninho deve ficar vazio para que sejam construídos outros ninhos.

(Imagem: Google)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Porque hoje é dia do professor

Porque hoje é dia do professor e isso me toca diretamente. Professora for formação que fugiu da profissão. Rima feia, mas não importa. Sinto uma certa culpa por não ter honrado a missão. Abandonei a tarefa assumida pela estabilidade financeira, em busca da realização de planos que o dinheiro pode comprar. Vendida ao "sistema". Carrego essa culpa. Não lecionei por muito tempo, mas guardo boas lembranças dos meus alunos. Apesar de experiências altamente angustiantes, posso dizer que a maioria foi gratificante. Outra rima feia, mas realmente pouco importa. Sinto falta de meus alunos. Até os mais endiabrados me tratavam com carinho, guardadas algumas exceções. Uma turma que tive me chamava de psicóloga. Coversava muito com eles. Eram adolescentes e alguns me contavam segredos. Também diziam que eu era apaixonada (e não estavam errados), porque precisavámos estudar Camões e selecionei alguns poemas de amor. Uma forma mais fácil de fazer Camões chegar até eles. Que saudade! Eles gostavam que eu contasse as histórias dos livros, que infelizmente poucos liam (não eram alunos tão exemplares), mas gostavam de ouvir as histórias. Na sala de aula me sentia útil. Tinha a oportunidade de ajudar pessoas a pensar, a entender as coisas, a refletir sobre a vida, a desenvolver a criticidade. Hoje, no meu momento financeiro estável, a alma sempre anda inquieta. No meu atual ambiente de trabalho convivo com um sistema hierárquico, com jogos de poderes e vaidades que não combinam comigo. Gosto de autonomia e na sala de aula eu tinha. Espero que consiga resolver essa questão em algum momento. Tudo é possível. Pró, prozinha ou simplesmente professora. É o que sou. Porque isso me toca diretamente.

domingo, 11 de outubro de 2009

Em busca do melhor ângulo

Tenho formação católica, estudei em colégio de padres. Doces anos sob os princípios pregados pelas escolas salesianas. Guardo muitas lembranças boas dos meus tempos de escola. Passo em frente ao colégio e me emociono. Hoje, em um de seus muros está escrito "Uma vez Salesiano, sempre Salesiano". É verdade. É uma grande família. Eu cresci lá. Sinto saudades. Costumava brincar que existiam passagens secretas e segredos misteriosos que os padres escondiam. Acho que li Aghata Christie demais e tomei gosto pela espionagem. Lembro que um dos livros que mais gostei de ler na escola se chama "O gênio do crime". Não sei quem é o autor.

Então, católica por formação. Não muito praticante nos últimos tempos, talvez por ter consciência dos males que a igreja católica já praticou, talvez por não concordar com alguns de seus dogmas, talvez por saber que religiões funcionam como forma de exercer controle sobre as pessoas. Mas não consegui até hoje encontrar refúgio espiritual em outra religião. Às vezes digo que sou ecumênica, creio um pouco em cada coisa. Mas não é bem verdade. Há religiões nas quais definitivamente não creio.

Na igreja católica existem alguns sacramentos. O primeiro deles é o batismo. O que abre as portas para os demais. O necessário para que a pessoa se incorpore a Cristo e ao catolicismo. O batismo sempre teve um significado importante para mim. Não tanto pelos motivos citados, mas pela madrinha maravilhosa que minha mãe escolheu para mim. Melhor escolha não poderia ser feita. Minha madrinha soube e sabe exercer de forma irretocável sua função. Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre o padrinho e o mais curioso é que ele mesmo se ofereceu para a missão, mas... da mesma forma que se ofereceu para me apadrinhar, também decidiu se "desobrigar" da tarefa.

Hoje, tive o prazer de batizar o filho de minha madrinha. Criança abençoada. Luz de nossas vidas. Para isso, tive que fazer um "curso" de batismo, no qual achava que receberia aconselhamentos sobre a importância e significado de ser madrinha de alguém. Houve isso no curso, sim, houve, mas o que mais foi enfatizado a todo momento foram as coisas que deveríamos responder ao padre na hora do batismo. "Respondam direito para o padre não reclamar com a gente depois".

Dia do batizado. Igreja confusa. Batizado coletivo. Sete crianças. Pais, padrinhos e convidados agitados. Chuva abundante. Durante a celebração, mal ouvia o que o padre dizia. A preocupação maior era em tirar fotos pelo melhor ângulo. Vamos ver quem aparece mais. As respostas que deveríamos dar ao padre eram ditas por ele mesmo. "Quando eu perguntar, respondam isso, respondam aquilo". Mesmo assim, poucos respondiam, estavam muito ocupados a procura do melhor ângulo, como já disse. A beata da paróquia, assustada, respondia às perguntas do padre em voz alta para tentar salvar a celebração. Na hora de molhar a cabeça das crianças, uma confusão generalizada. Uns querendo passar na frente dos outros, sempre em busca do melhor ângulo, afinal aquele momento não poderia escapar aos flashes. Alguns ali sequer devem frequentar a igreja. Os filhos e afilhados talvez só retornem para realização de casamento, por pura tradição, ou moda, ou sabe-se Deus o quê. No curso que fiz antes do batizado, perguntou-se a uma mãe que estava presente o motivo pelo qual desejava batizar o filho. Sua resposta: "Não sei. Todo mundo batiza, também quero batizar o meu". Todos em busca do melhor ângulo.

Seja como for, nem eu mesma sei se boto fé nesse ritual católico. Deus sabe o amor que tenho pelo meu afilhado e o acompanhamento que petendo dar a ele por toda a vida. Esse é meu compromisso. O meu melhor ângulo não poderia ser registrado, pois não estava visível aos olhos, estava pulsando de felicidade e vontade de honrar minha missão.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Bordado

desvelo sem fim
os novelos de mim

anunciando o novo dia
como quem termina uma lida

cortando os fios do absurdo
como quem bebe absinto

gritando rouca ao sem-fim dos mundos
como quem gira no carrossel dos loucos

desvelo sem ter
o bordado a tecer

apenas riscando
opções de viver

(Rosy Feros)

Porque é tempo de desvelar-se.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Oi, tudo bem?

Interessante algumas relações que estabelecemos com o outro. Oi, tudo bem? E daí não passa. Há variações, por exemplo, Bom dia! Ou um cumprimento gestual, como um balançar afirmativo de cabeças ou um sorriso, às vezes amarelo, fugidio, outras vezes mais harmônico, mais aberto, depende do estado de espírito. Podemos encontrar infinitas vezes esse mesmo outro que daí não passa. Não se sabe o porquê, mas daí não passa. Faço muito isso. Recebo muito isso. Queria ir mais além. Relações rasas me irritam.

domingo, 27 de setembro de 2009

História de meninas

Ela tinha apenas 13 anos e muitas ideias na cabeça. Gostava de Fanta Uva, de videogame e de conversar com as amigas. Ele tinha 22 anos, jovem em início de carreira, não muito promissora, dirigia a combe que servia de condução escolar para algumas crianças e adolescentes do bairro. A menina de 13 anos era mais desenvolvida do que as outras garotas de sua idade. Na aula de educação sexual na 4ª série tornou-se o assunto dos corredores depois de revelar que já tinha menstruado aos 9 anos. Uma moça relativamente precoce. Alisava os cabelos com amônia, pintava as unhas de vermelho forte, sempre andava de batom, usava sutiã e tinha seios para preenchê-los. Se assim era aos 9, imaginem aos 13. Parecia uma pequena mulher. Para o rapaz de 22, a idade dela não fazia a menor diferença. E assim, começaram o namoro. Bem, o rapaz tinha 22 anos, então, o namoro deles era um pouco mais avançado do que os namoros de garotas e rapazes da idade dela. Havia sexo. Muito sexo. E... por imaturidade dela e precipitação dele, ou sabe-se Deus o quê... A mocinha ficou grávida. Isso foi no verão. Talvez o calor tenha colaborado.

Sua melhor amiga sabia apenas que ela estava namorando um rapaz mais velho, mas sequer sonhava que o namoro já tinha tomado rumos mais profundos. Quando engravidou, a menina de 13 anos não contou nada a sua amiga. Na verdade, não contou nada a ninguém. Mas sua mãe descobriu. As mães sempre descobrem. Para os moldes da época e daquela família, só havia uma solução: o casamento. Então, a menina de 13 anos agora era uma mulher e não só isso, também estava prestes a se tornar uma mãe de família. Assim foi. Depois das férias de verão, a menina não retornou à escola. Sua melhor amiga tinha poucas notícias dela. Na verdade, andava magoada porque há muito tempo a amiga não ligava mais. No retorno das férias, uma colega, vizinha da menina de 13 anos, perguntou a sua melhor amiga, que já não era tão melhor assim, se ela tinha ido ao casamento e se sabia para quando era o bebê. A antiga melhor amiga ficou chateada. Apesar da amizade entre aquelas meninas não ser mais a mesma de outrora, gostava dela e não iria permitir que denegrissem sua imagem. No ginásio, era muito comum criarem fofocas, mas já estavam indo longe demais.

Naquele mesmo dia, ligou para a ex-melhor amiga e falou sobre o que havia ocorrido na escola. Para sua surpresa, a menina de 13 anos, agora mulher, mãe e dona de casa, revelou sua maternidade e casamento precoces. A outra menina também de 13 anos foi tomada por um sentimento de ter sido traída pela amiga, mas apesar da pouca idade, entendia um pouco o sentimento dela. Tinha vergonha. A mulher de 13 anos abandonou a escola na 7ª série. As amigas se falaram bastante tempo por telefone, mas nunca mais se encontraram. Nas conversas, a mulher de 13 anos fazia queixas do marido.

Muitos anos depois, as meninas, já mulheres as duas, se encontraram em um shopping. Quase não se reconheceram. A antiga mulher de 13 anos estava acompanhada de uma bela moça de 15. A jovem era sua filha. 15 anos já haviam se passado. A outra antiga menina de 13 anos ainda não tinha filhos. A antiga mulher de 13 anos não teve mais nenhum. Tinha se separado há pouco tempo do marido, queria voltar a estudar e recuperar a juventude perdida. O marido? Depois de várias traições com outras meninas que levava no transporte escolar, acabou saindo de casa para assumir a gravidez de uma delas. Coincidência ou não, também tinha 13 anos. Mais nova do que a filha que teve com a menina-mulher desta história.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Diferenças

Mesmas profissões, diferentes corações. Uma é cercada por muitos e conhece todos pelo nome. Outra é cercada por poucos e não sabe o nome de nenhum. Uma fria, gelada. Outra calorosa, solidária. Uma quer ser simpática, mas não consegue. Ri sozinha. Outra respira simpatia. Ri com coro. Uma nem quer ouvir seu problema. Insensível. Outra não só ouve como aconselha. Humana. Com uma joio e trigo se misturam. A outra sabe bem a distinção.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Redemoinho

Um redemoinho passou por aqui. O vento voraz e furioso avançou contra tudo. Remexeu minha vida e deixou um monte de destroços. E agora? Onde estão minhas coisas preciosas? Não consigo encontrar mais nada. Ficou tudo revirado. O vento desmanchou meus cabelos, levantou corpos, arrastou roupas e dissipou-se. Eu que tinha tudo em seus lugares. Eu que tinha a ordem no comando. Agora restou bagunça, desordem, confusão. Se tivesse sido ontem, já estaria pondo tudo em seu lugar, mas hoje, já nem sei mais qual é o meu lugar no mundo, imagine o lugar das coisas. Deixe estar. As coisas se acham. Parece que o redemoinho também passou em mim.

P. S. : Lembrem-se de que ficção tem um pouco de confissão, da mesma forma o contrário.

(Imagem: Google)

sábado, 12 de setembro de 2009

Notícias de mim

Vou ser breve. Estou com catapora. Não é NADA bom! Eu mesma estou com dó de mim. Dos espelhos, amigos queridos, quero distância por enquanto. Escapei dessa quando criança, mas agora fui vencida pelo vírus. Tem nada não, eu darei a volta por cima.

Deixo aqui alguns registros do meu último fim de semana para me dar energias positivas. Bem melhor que catapora.

(As fotos foram tiradas na Praia do Forte. A lagoa fica dentro da Reserva da Sapiranga - fomos até lá de quadriciclo, por isso os capacetes. Foi bom demais!)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A menina de asas

A menina nasceu com asas, mas ninguém a ensinou a voar. À noite, sonhava com vôos longínquos. Percorria todas as partes do mundo com as asas bem abertas. Começou a observar as aves e assim aprendeu a voar. No começo, batia as asas timidamente e fazia vôos rasteirinhos, quase não saia do chão. Gostava de subir em árvores. Quando estava triste, era lá que se escondia. À medida que crescia, também crescia sua vontade de conquistar o céu. Mas tinha medo de se perder e não encontrar mais o caminho de casa. Gostava de dias de chuva, daquelas que deixam depois um arco-íris. Seu maior sonho era atravessar aquelas cores. Queria ver se existia um pote de ouro no final, como leu em um livro. A menina lia muitas histórias. Tinha vontade de fazer parte delas. Gostava muito da história do Peter Pan. Queria ser a Sininho e bater suas asinhas livre por todos os lados. Quando já não era mais tão menina, resolveram aparar suas asas para que ela não subisse mais em árvores. Não era adequado para uma mocinha, diziam. Não gostava que cortassem suas asas e começou a ficar rebelde. Num dia de casamento da chuva com o sol, abriu a janela e viu de longe um arco-íris. Sem pensar muito, alçou um vôo bem alto, entrou pelas nuvens, misturou-se às cores difusas daquele arco e de lá não voltou mais. Deve ter encontrado o pote de ouro.

(Imagem: Google)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Intimidade

A intimidade intimida
pois nem sempre é bela
e raramente é falada
de peito aberto.

A intimidade é para poucos,
é para aqueles que não julgam
e que não destroem
com um olhar a fantasia.

A intimidade intima
à verdade
à dor, à culpa,
ao medo de não ser mais.

A intimidade não perdoa,
pois se intitula real,
traz conflitos, paradoxos,
sonhos esquecidos.

A intimidade se mostra
na despretensão de ser o que se é,
na crueza da alma,
na palavra perdida.

(Adriana Roitman)

Sim, a intimidade é para poucos... A mim, intima mais do que intimida, aconchega.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

...

Falo pouco de meu pai. Emudeço. Talvez ele seja o anti-herói de minha vida. Mas ainda assim reconheço nele algumas virtudes. Quero conseguir um dia desenvolver melhor essa página de minha vida que mantenho a maior parte do tempo escondida. Trocamos poucas palavras. Não me sinto amada por ele. Também não sei se o amo. Uma vez, sofreu um acidente e pensei que fosse morrer em meus braços. Naquele momento, um pânico se apossou de mim porque seria o fim de uma relação que nunca existiu como eu gostaria. Nunca entendi bem seus sentimentos. Acho que nunca amou ninguém, nem a si mesmo. Já deixou em mim muitas cicatrizes, não no corpo, mas na alma, e estas são as mais difíceis de apagar.

Acho que nos amamos... De um jeito torto, meio capenga, mas talvez sim.

domingo, 23 de agosto de 2009

“Ó, pátria amada, idolatrada, salve! salve!”

Dizem que o Brasil, apesar de suas mazelas, é um país abençoado por não ter guerras, furacões, terremotos, e por ainda ter uma natureza exuberante, apesar de toda a devastação que já sofreu. Eu me pergunto algumas vezes se realmente não existem guerras aqui. Vivenciamos furacões de violência, que tem crescido assustadoramente. Eu ando na rua sempre em alerta, segurando firma a bolsa. Tomo vários sustos quando pessoas passam de moto ou bicicleta perto de mim, pois sempre tenho a sensação de que vão tentar me assaltar. Meus passos são sempre acelerados. Quando estou dirigindo, a situação não muda muito. Continuo temendo as motos. Duas colegas recentemente presenciaram um assalto no trânsito cada vez mais engarrafado de Salvador, onde moro. Dois motoqueiros sacaram suas armas, renderam os passageiros de um carro e foram embora tranquilamente. Um dia desses, a polícia ameaçou fazer uma greve reivindicando melhores condições de trabalho e de salário. Os policias estão errados ou certos? Lembro-me de uma vez que fizeram greve há alguns anos e o caos se instalou na cidade. As pessoas se preveniam trancando-se em casa. Várias lojas foram saqueadas pelo povo que aproveitou a greve para roubar o que não podiam comprar.

Se ligo a TV ao meio-dia, só vejo programas popularescos e apelativos explorando as classes miseráveis. Até cadáveres estão sendo mostrados ao vivo. O sensacionalismo está “à flor da tela”. Onde vamos parar? Quando estaciono meu carro em algum lugar, muitas vezes retorno para conferir se as portas estão bem fechadas. Insegurança até a última potência. Conheço várias pessoas que foram tomadas de assalto, eu mesma já fui vítima algumas vezes, mas graças a Deus sem maiores consequências. Houve um tempo em que era moda receber telefonemas (ao que consta, feitos de penitenciárias) para tentar extorquir dinheiro das pessoas com a falsa notícia de que um parente havia sido sequestrado. Na minha casa, quase meu pai caiu no golpe. A imprensa noticiou vários casos de pessoas que foram vítimas dessa extorsão.

Em todas as campanhas políticas, os candidatos colocam na pauta de seus projetos a melhoria da segurança pública, no entanto o que vivenciamos é a insegurança completa. E o que dizer? Enquanto o Congresso Nacional continuar parecendo um circo e as pessoas não exercerem os direitos que a democracia lhes permite, será difícil pôr fim à violência urbana. Mas eu gosto de meu país assim mesmo. Acredito que somos de um modo geral realmente um povo cordial. Boa parte dos brasileiros tem um espírito alegre e esperançoso inato. Como diz o chavão: “Sou brasileiro e não desisto nunca”. Nosso 7 de setembro vem aí. Dia da independência do Brasil. Independentes de Portugal, sim, mas dependentes de muitas outras coisas. Em várias cidades do Brasil as Forças Armadas vão desfilar pelas ruas. Alegres e retumbantes. Os bandidos do narcotráfico estão bem mais armados do que nossas Forças Armadas... E um soldado, quanto ganha mesmo? Psiu... Faz vergonha falar. Mas aí já é outro papo. Salve! Salve! Salve-se quem puder!

(Imagem: Google)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Fuga

Hora de apagar as luzes, fechar as janelas e as cortinas. Despedir-se do dia para dar chance ao nascer de outro. Silêncio fora e balbúrdia dentro. Momento de sonhar, de entregar-se a Morfeu, poder ser quem quiser, onde quiser, com quem quiser. Passear descalço na grama úmida do orvalho. Mergulhar no oceano e nadar com golfinhos, voar de asa-delta, atirar-se do vigésimo andar e voar, livre, para longe. Para onde ninguém saiba quem você é, para onde não seja possível fazerem perguntas para respostas que você não tem ou não quer dar. Você dorme e as estrelas vigiam seu sono, que nem sempre é tranquilo. Você costuma sonhar que alguém te persegue e quer lhe fazer algum mal e você foge. Costuma subir escadas, andar em labirintos, adentrar a relva e se esconder do perigo. Você sempre consegue escapar, mesmo quando o perigo está iminente. E quando a lua cede lugar ao sol, você se despede de Morfeu e volta ao mundo físico. A realidade o espera, mas não fuja mais. Sua vida parece uma eterna fuga e você nem sabe de que tanto foge. Precisa aprender a acender as luzes, escancarar portas e janelas, olhar ao redor e ser feliz.

domingo, 16 de agosto de 2009

Vermelho

Os sapatos vermelhos na vitrine eram alvo de seu desejo. Eram de um vermelho brilhante e sedutor. Mas não bastava a beleza, era preciso o conforto. Havia um desfile de cores na vitrine. Outro vermelho lhe chamou a atenção. Uma bolsa que combinaria bem com aqueles sapatos, mas não valia o preço que custava. De que valeria pagar caro por uma bolsa que não valia tanto e calçar sapatos que lhe matariam os pés? Mas a atração pelo vermelho era mais forte do que o bom senso. Entrou na loja e experimentou os sapatos. Como já previa, não eram nada confortáveis, andando alguns metros ganharia alguns dolorosos calos. Pediu para ver a bolsa. Constatou o material frágil, que rasgaria em pouco tempo. Mas ambos, sapatos e bolsa, tinham um vermelho encantador que lhe enchia os olhos. O vendedor esperava ansioso e tentava convencê-la da compra. Mas ela resistiu. Até pensou naquele homem e no tempo que lhe havia tomado, porém seguiu os conselhos de seu avô: Cada um sabe onde lhe aperta o sapato.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Senso de humor é preciso

(...)

No reconhecimento do humor não há equívoco. Ou existe ou não existe e seu portador sabe disso, o portador e os que estão em redor. Tente fingir bom humor perto de uma criança. De um cachorro. Faça aquelas caras, a voz postiçamente mansa. O cachorro vem, fareja os fluidos, sente o peso da aura - uma barra - e vai saindo com o rabo entre as pernas. Bom humor é charme e as pessoas querem ser charmosas, os políticos em primeiro lugar, não é com vinagre que se apanha mosca. Mas se esmerando embora na representação, é difícil para o fingidor sustentar por muito tempo a máscara do bom humor, o mascarado se cansa e acaba se descobrindo.

(...)

Em seu estado puro, o senso de humor não é negro nem vermelho nem azul mas tem as sete cores do arco-íris numa faixa só. Nem erótico nem puritano, não tem implicações de ordem ética mas estética, o bem-humorado é um esteta. Uma filosofia de vida? Digamos, uma doce filosofia que nos permite vislumbrar uma certa graça nas coisas desengraçadas. Sem sarcasmo, que o sarcasmo é cruel. Sarcasmo é veneno. E o senso de humor é que nos impede de virarmos uma esponja de fel, a casa pegou fogo? O louco bem-humorado dá uma volta em torno, tira o cigarro do bolso que não existe e acende o cachimbo numa brasa do fogão. (Lygia Fagundes Telles, em "A disciplina do amor")

Porque é preciso ter muito senso de humor nas relações humanas...

domingo, 9 de agosto de 2009

Sobre histórias

Uma coisa é certa. Eu adoro histórias. Gosto de contá-las, ouvi-las, vê-las, criá-las. Não é à toa que gosto tanto de ler, que gosto tanto de filmes. Porque neles, nos livros e nos filmes, há histórias, personagens, fantasias e realidades. Porque provocam em mim sentimentos. Gosto mais das histórias profundas, que me fazem chegar às lágrimas, que quando fecho a página do livro ou quando o letreiro do filme corre na tela, a história fica. E como fica. Escrevo este post sob efeito do filme O Leitor, que acabei de assistir. Dois trechos dele me tocaram bastante: um deles é sobre o amor, que eu, como incansável guerreira deste sentimento, não poderia deixar que passasse despercebido: Only one thing can make a soul complete and that thing is love (Apenas uma coisa pode tornar uma alma completa e essa coisa é o amor). A frase é curta, mas é certeira e ficou em minha mente assim, em inglês. O outro trecho é sobre literatura: A noção de segredo é o centro da literatura ocidental. Pode-se dizer que toda a ideia do personagem é definida pelas pessoas que têm escondida uma informação em especial, que, por vários motivos, às vezes são perversos, às vezes, nobres, mas que estão determinados a não se revelar.

Em O Leitor, a personagem Hanna, mulher que se envolve com um garoto 20 anos mais novo do que ela, guarda um segredo. Se seus motivos são nobres ou não, cabe a cada "leitor" dessa obra lhe dar uma sentença.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

De repente, estranhos

Conhecem-se, enlaçam-se, amam-se. O tempo passa, a paixão aflora. O tempo passa, a paixão decresce. O amor muda ou murcha, desvai-se. Os dias sempre compartilhados já não têm mais a presença daquele com quem por tanto tempo se dividiu a vida. A pessoa com quem se dormia e acordava todos os dias passa a ser aquela de quem se quer manter distância. A família também se afasta porque é uma parte daquele outro que agora incomoda. Tudo é distância. Estranhamento. Encontram-se na rua e trocam sorrisos mornos, fugidios. Estabelecem diálogos vazios, frios. Ensaiam uma intimidade forçada, falsa, mas percebem que passaram do extremamente profundo à superfície. Trocam telefones, mas sabem que a ligação nunca se realizará, nem por um, nem por outro. De repente, estranhos.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sem palavras


Pensei em escrever aqui um agradecimento enorme a todos que estiveram comigo no dia do meu aniversário, mas além da maioria deles não frequentar a blogosfera, me faltam palavras para registrar a felicidade que senti em ver que mesmo em meio a algumas adversidades, consegui reunir pessoas muito queridas, que aqueceram demais meu coração. Compartilho com os leitores deste blog o carinho indescritível que tenho por elas.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

2.9

Sexta-feira é meu aniversário. Já escrevi por aqui sobre o retorno de Saturno, inquietações na alma, que estão relacionados à chegada dos meus 29 anos. Era como se um sino badalasse e dissesse: Andréia, você está quase chegando à casa dos trinta. Precisa correr. Hoje, faltando apenas dois dias para a chegada do ciclo dos 29, não sinto mais vontade de correr. Correr para quê? Isso não significa que eu pretenda ficar parada, até porque definitivamente não faz parte de minha personalidade. Mas não pretendo correr para alcançar coisas que a sociedade cobra de mim. Nem eu mesma tenho me cobrado tanto ultimamente. Hoje, só tenho vontade de correr em busca de mais felicidade. E correr logo também para que chegue sexta-feira e eu possa comemorar com pessoas queridas mais um dia especial.

domingo, 26 de julho de 2009

Chuva com chocolate


Chuva grossa e coração latente. Para ele, não havia obstáculos que o impedissem de estar por alguns momentos com ela naquela noite. Sentados à mesa, com as roupas molhadas, bebiam chocolate quente e comiam um pedaço de torta coberta de ameixas. Várias vozes soavam no lugar onde havia pessoas agasalhadas que também tiveram coragem de enfrentar a chuva. Não sabia os motivos que as levaram até ali, mas para ele o motivo eram aqueles belos olhos grandes e negros que estavam à sua frente. Sentia um frio cortante debaixo do casaco fino que vestia. Ouvia o uivo do vento, forte e intenso, mas não tanto como o tumulto que estava sua alma. Conversaram muito naquela noite e fizeram um brinde com suas xícaras de chocolate. Perdido nos olhos dela, ele estava completamente encantado. As gotas de chuva pareciam pedaços de chocolate.

(Imagem: Google)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sobre baratas e borboletas

A personagem de Clarice Lispector comeu uma barata em A paixão segundo G.H. A de Kafka virou uma ou um inseto muito parecido em A metamorfose. E você? Será preciso comer ou se tornar uma barata para entender um pouco melhor sua vida, sua existência?

Eu prefiro virar uma borboleta com asas bem coloridas. Comer a massa deseja de uma barata? Nem pensar. Só se for morango com chocolate. Essa é a minha melhor terapia. Assim, a vida fica mais doce.

(Imagem: Google)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Onde estão os pombos?

Perto da casa de um velhinho, havia uma praça frequentada por vários pombos. Uma revoada de pombos todos os dias. As crianças brincavam com eles. Havia mais pombos do que crianças. O velhinho sentava na praça, comprava pipoca e jogava aos pombinhos, que se aglomeravam para disputar o lanche.

Com o tempo, a praça ficou moderna, com fonte luminosa, pistas de corrida e recreação. Um complexo de bares e restaurantes foi construído na área antes ocupada pelos pombos. Alguns deles ainda resistem e disputam com os carros um lugarzinho perto da fonte. As crianças ainda lhes fazem cortesia, mas a presença deles tem diminuído bastante. O que se vê agora são suas carcaças. Vários são atropelados por dia. As pessoas passam por suas carcaças, que esturricam ao sol até serem levadas pelo vento. Algumas nem reparam que há um pombo morto no chão.

Por quê?

Por que escrevemos blogs? Por que lemos blogs? O que traz você à minha página? O que me leva à sua? O blog é uma forma de se fazer existir no mundo? E se ninguém ler este post? Quantas pessoas leem que eu nem conheço, entram, leem e vão embora. Quantos blogs eu acesso e também não digo nada. Leio e vou embora. A alguns eu retorno, outros nunca mais vejo, em alguns eu comento. Por quê? Criei vício com o twitter agora. Uma amiga disse que parece um pinto que pia em nossa cabeça twit, twit, twit. E parece mesmo. É um depósito de pensamentos, talvez... Por que será que essas coisas são tão atrativas? Por que estou aqui escrevendo sobre isso, fazendo metalinguagem? Quando viajo, não sinto falta de nada disso. Por quê? Vá entender...

sábado, 18 de julho de 2009

Amor perfeito

Talvez tenha demorado um pouco para descobrir o que é um amor perfeito. Sempre buscava isso no sexo oposto, naquele que para mim seria o homem da minha vida. Hoje, acho que entendo um pouquinho mais do amor, mas o amor perfeito passa longe de estar nesse sexo oposto. O amor perfeito para mim é o que sinto por minha mãe e ela por mim. Não sei quando o beijo de boa noite cessou nem o porquê, mas eu gostava tanto! A gente cresce, os carinhos da infância muitas vezes vão embora, mas o amor fica. Seguramente digo, sei e sinto que ela é a pessoa que mais amo nesta vida, a quem devo absolutamente tudo que sou. Ela me diz que sou seu ouro em pó (não sei por que diz em pó...).Minhas conquistas são dela e as dela são minhas. Deseja meu sucesso incondicionalmente. Quando engravidou de mim, disseram-lhe que eu não deveria nascer. Ainda bem que ela me deu essa chance. E não apenas me deu a vida como sempre fez e faz tudo para me ver feliz. Neste mês, ela completou 60 primaveras de bondade, amizade e amor, muito amor.

Te amo, mainha!

(Imagem: Google)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Flor aberta

Vivaz. Presença marcante por onde se apresenta. Desembaraço pleno. Simpatia absoluta. Exageradamente alegre. Sua energia irradia o ambiente. Senta-se em frente à tela, mas logo se levanta. Baila entre os papéis. Posa para fotos. Gosta de movimento. Conversa com todos e quando não há ninguém, conversa consigo mesmo. Sorriso fácil, leve, escancarado. Seu olhar brilha. O branco alimenta sua paz.

Flor murcha

Grávida. Envolta entre os papéis naquela mesa torta. À sua frente a tela que sempre a acompanha. Telefone, fax, e-mail. O bebê cresce em seu ventre, mas ela nem percebe. Incômodo pelo peso que carrega. A sala cheia, com vozes e risos alegres. Movimento constante e ela virando páginas de livros. Dedos nervosos no teclado. O tempo é curto. Estão ali, ela e seu feto, imperceptíveis. Fala timidamente. Seu olhar é morno. Não esboça um sorriso.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Estampas

A garota do vestido estampado sentava sempre no primeiro banco pertinho do motorista. Gostava de espelhos e sentava na frente para ficar se olhando no retrovisor. O motorista já era seu amigo. Trocavam olhares pelo retrovisor e conversavam boa parte do caminho. A garota do vestido estampado usava uma estampa diferente para cada ocasião. Em dias mais quentes, estampas de cores vibrantes, em dias frios, estampas miúdas, geralmente de flores. Estes eram meus favoritos. Seus cabelos longos e volumosos marcavam ainda mais aquelas estamparias. Nunca a via com outro tipo de roupa. Várias mulheres curculavam naquele ônibus, mas ela era a única que sempre usava vestidos, curtos, longos, médios, mas sempre estampados.Tinha inveja daquele motorista. Queria poder ser visto por ela. Descia do ônibus antes do meu ponto e eu a acompanhava pela janela até que sumisse do alcance de meus olhos. Era assim de segunda a sexta. Houve um tempo em que passei a sentir sua falta nos fins de semana. No domingo à noite já contava os segundos para poder vê-la no dia seguinte. Não sei explicar ao certo que tipo de sentimento me movia, mas comecei a desconfiar de que era paixão, mas uma paixão insegura, frágil, estranha. Assim que eu entrava no ônibus meus olhos se voltavam em sua direção e não se desviavam mais. Não sei que tipo de magia emanava daquela garota do vestido estampado. Chegava a sonhar com seus vestidos. O banco em que ela sentava geralmente era ocupado por algum velhinho. Era incrível como aquele lugar sempre estava ocupado, mas na primeira oportunidade que o encontrei vazio, sentei ao seu lado. Não trocamos uma palavra, sequer um olhar. Fiquei estático observando sua conversa com o motorista. Parecia uma estátua. Tinha medo de encostar nela e em seu vestido estampado. Quando chegou o seu ponto, desceu e eu continuei inerte, nem consegui acompanhá-la pela janela.

Alguns dias se passaram até que eu conseguisse mais uma vez sentar-me ao lado dela, mas essa vez foi decisiva. O motorista estava de férias e era outro que nos conduzia. Como ela não o conhecia, tive oportunidade de puxar conversa. Minha boca parecia ter o dobro de dentes quando lhe perguntei as horas. Os lábios estavam tão secos que tive a sensação de que partiriam. Não tive ideia mais criativa para iniciar uma conversa. Ela, pela primeira vez, olhou para mim. Nunca tinha reparado bem em seus olhos, eram grandes e expressivos e pareciam acumular todas as cores de seus vestidos. Respondeu furtivamente e virou-se para o lado. Então, recorri à segunda estratégia furada de puxar assunto e comentei sobre o tempo e o trânsito, que por sinal estava o caos de sempre. Ela apenas esboçou um sorriso e nada comentou. Minhas estratégias de aproximação já haviam esgotado, até que observei que carregava em seu colo um livro de Agatha Christie. Perfeito. Eu tinha toda a obra da rainha do crime. Comentei sobre o livro e perguntei se já tinha lido outros. Ela, um pouco incomodada com a pergunta invasiva, respondeu que era o primeiro que lia. Não sei se queria cortar o assunto ou se falava a verdade, mas acabou me dando motivos para prolongar a conversa. Como não foi muito receptiva, resolvi me calar. Quando desceu, a observei ao longe como de costume sumir no caminho.

Foi assim que conheci meu marido, em um ônibus que pegava todos os dias para o trabalho. Usava sempre vestidos e com muitas estampas. Tinha feito promessa para Santo Antônio. Sentou do meu lado um dia, conversou umas bobagens. Perguntou sobre um livro que estava lendo e daí não parou mais. Os lábios tremiam quando falou comigo pela primeira vez. Achei bonitinho, mas não dei muita conversa. Mais umas viagens juntos, algumas resenhas sobre os livros de Agatha Christie e o namoro começou. Casei com um vestido estampado para não contrariar o santo.

(Imagem: Flickr)

sábado, 4 de julho de 2009

Ainda sobre Michael Jackson

É no mínimo curioso ver como as pessoas geralmente só são reconhecidas depois da morte. Por que nunca renderam tantas homenagens a Michael Jackson em vida? Me refiro aqui à mídia e à sociedade em geral, porque seus fãs sempre lhe renderam muitas homenagens. Sempre as notícias que via a respeito de MJ giravam em torno do que se chamava de esquisitices e bizarrices. Seus últimos álbuns ao que me conta foram excessivamente criticados pela mídia. Os shows que aconteceriam em Londres, algo me diz que seriam amplamente desvalorizados pela crítica dita especializada. Não posso afirmar que seria asssim, mas desconfiava disso. A vida pessoal de MJ incomodava demais a muita gente e muitos tentaram com isso ofuscar o brinlhantismo de sua obra. Hoje, esses mesmos que tanto o julgaram e condenaram, lhe rendem inúmeras homenagens e passam a endeusar o artista. Como de repente MJ virou santo? Só agora reconhecem que teve uma infância sofrida, só agora procuram entendê-lo? Mas ele não era o pedófilo? Agora aceitam que ele era um Peter Pan? Curiosíssimo. E a mudança de cor? Agora concordam que tenha sido vitiligo? Mas não era ele que queria negar a raça? Quanta hipocrisia. Quem sou eu para afirmar que tudo que divulgaram sobre ele era falso ou verdadeiro... Eu também não sei ao certo o que de verdade havia em tantas notícias a respeito da vida de MJ. Mas sempre senti que ele era uma pessoa boa, independentemente de qualquer coisa que divulgassem sobre sua vida. Não acredito que tenha feito mal a qualquer criança. A sociedade o julgou em vários momentos. Também disseram que ele era gay. E se fosse? E daí? Em que isso interfere na vida de alguém ou na obra desse grande artista? Condenado pela sociedade e pela mídia, hoje enaltecido por elas. Talvez, se lhe tivessem rendido tantas homenagens e reconhecimento, como fazem hoje, em vida, ele não tivesse ido embora tão cedo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Inquietude na alma

Vontade de mudar. Ando descombinada das coisas deste mundo. Tenho pensamentos efervescentes durante a madrugada. Falta coragem para dar um passo diferente, à frente. Vivo em um grande labirinto e o caminho que sigo às vezes parece não ser o que me levará à melhor saída. Ainda não entendo bem o que se passa, mas sinto uma grande inquietude na alma. Receio a todo momento tomar a direção errada. Mas será que existe a certa? Talvez seja tudo uma questão de ponto de vista. Tenho mania de ponderar as coisas, mas a vontade que grita é de não ponderar mais nada.

(Imagem: Google)

domingo, 28 de junho de 2009

Observações

Quando criança, gostava de observar os outros, escrevia tudo que seu cachorro fazia. Anotava as conversas das amigas da mãe quando lhe faziam visitas. Gostava mesmo de observar tudo. Falava pouco. Escrevia muito. Na adolescência, deu-se com a mania de contar histórias, umas verdadeiras, outras inventadas. Cresceu. Adulta, começou a falar e escrever na mesma proporção. Gostava de minúcias, de detalhes, mas já não tinha a prática de observar os outros para escrever. O cachorro há muito tempo não existia. Não morava mais com a mãe para observar as visitas e não tinha muito tempo para contar histórias, inventadas ou não. Nessa fase, gostava mesmo era de bater papo e escrever sobre o que acontecia no mundo. Na velhice, voltou aos costumes de criança, falava menos e escrevia mais, observava os filhos e netos e arranjou um cachorro. Escrevia tudo em caderninhos, que trancava em uma gaveta. Guardava tudo como um segredo. Um pouco mais velha, transformou seus escritos em uma fogueirinha de papel. A partir de então, decidiu guardar tudo em sua mente. Ali, ninguém poderia ter acesso.

Disfarces

A cada dia usa uma máscara e pensa que consegue ser vários, mas é apenas um. Descobri quem é, mas optei pelo silêncio, porque me instiga ver os seus disfarces. Representa bem os seus inúmeros papéis. Quer ser forte, mas a fragilidade salta aos olhos. Uma de suas máscaras é a que melhor se identifica, porque muda de sexo e pode se esconder melhor dos intrusos que tentam ler sua alma. Cada máscara que usa lhe permite oscilar entre o bem e o mal. É sua proteção contra o mundo.

(Imagem: Google)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Neverland

Podem dizer o que quiserem, mas ainda está para nascer um artista como Michael Jackson. Com muito pesar de fã que sou, recebi a notícia de sua morte. Pressentia há algum tempo que seus dias não seriam tão longos. Algo me dizia a cada notícia que tinha dele que não faltava muito para a despedida... Chegou. A forma como conduziu sua vida pode não ter sido das mais felizes, mas não se pode negar a sua importância e excelência como ícone da música pop. Um rei sim! O rei do pop. O rei da minha adolescência. Um artista ÚNICO. Revolucionou a música pop e isso, apesar de sua vida conturbada, é o que quero guardar de sua imagem. Imagem com a qual infelizmente não soube lidar, imagem com a qual nunca se satisfez. Excêntrico, louco, doente, não importa. O que sempre admirei nele foi o artista, não era apenas um cantor ou um dançarino, era um verdadeiro ARTISTA da música pop. Sempre quis ser criança. Agora, enfim, poderá encontrar sua Neverland. Deixo aqui a música Childhood, que fala por si só.

Have you seen my Childhood?
I'm searching for the world that I
Come from
'Cause I've been looking around
In the lost and found of my heart...
No one understands me
They view it as such strange eccentricities...
'Cause I keep kidding around
Like a child, but pardon me...
People say I'm not okay
'Cause I love such elementary things...
It's been my fate to compensate,
for the Childhood I've never known...
Have you seen my Childhood?
I'm searching for that wonder in my youth
Like pirates and adventurous dreams,
Of conquest and kings on the throne...
Before you judge me, try hard to love me,
Look within your heart then ask,
Have you seen my Childhood?
People say I'm strange that way
'Cause I love such elementary things,
It's been my fate to compensate,
for the Childhood I've never known...
Have you seen my Childhood?
I'm searching for that wonder in my youth
Like fantastical stories to share
The dreams I would dare, watch me fly...
Before you judge me, try hard to love me.
The painful youth
I've had
Have you seen my Childhood?




quarta-feira, 24 de junho de 2009

Em terra estranha

Da minha estada em São Paulo, ficou uma lembrança amarga entre as tantas saudosas. Acostumada à quase sempre calorosa acolhida dos brasileiros em todos os lugares nos quais já estive, fui agredida por um oriental na famosa 25 de março. Motivo: Peguei uma mercadoria para verificar a qualidade, um simples par de meias. Para mim, um direito legítimo de consumidora. Não concretizei a compra (tenho esse direito ou não?) e fui agredida verbalmente aos gritos por aquele sujeito, numa mistura de português com japonês ou sei lá que língua era aquela que ele falava, mas foi muito claro o "caralho" que ele berrou ao final. Parece cômico, mas foi uma mácula que ficou. Confesso que a má impressão daqueles orientais se instalou pela forma como outros também me trataram, embora nenhum deles tenha chegado ao extremo de me agredir com palavras. Senti muito, mas prefiro pensar que não passou de um choque cultural, embora nada justifique o tratamento grosseiro que recebi.

E o que dizer sobre as eternizadas por Caetano Veloso avenidas Ipiranga e São João? Confesso que passava por ali segurando bem firme a bolsa, afinal, recebi alerta de várias pessoas de que não deveria me descuidar naquela região... Entendi bem o porquê.

Mas ainda assim me encantei pela cidade. Fiquei perdida naquela imensidão. Foi um perder-me prazeroso, um perder-me para encontrar-me. Ainda estou sob a magia que a cidade causou em mim. Contudo, no dia da partida, assim como Caetano, alguma coisa aconteceu em meu coração de verdade, pois ao mesmo tempo que queria ficar mais naquele lugar para descobrir todos os seus encantos e explorar sua imensidão, quando o avião pousou em minha terra, senti uma alegria inexplicável. Terrinha cheia de vícios, mas onde estão minhas raízes. Talvez tenha vivido uma pequena síndrome de Dorothy às avessas: Não há lugar como o nosso lar, mas quero voltar para lá.

domingo, 14 de junho de 2009

Coisas de amor

Tão diferentes e tão iguais. Dizem que os signos de Leão e Aquário se combinam, apesar de pertencerem a elementos distintos, fogo e ar. Tenho pensado que os astrólogos podem ter razão. Eu, leonina, ele, aquariano. Eu, intensa, ele, oscilando entre momentos frios e calorosos. Como o ar que alimenta o fogo, ele consegue completar o que falta em mim. Contido quase todo o tempo, um louco na cama. Como é bom fazer loucuras com ele. Eu, quase um livro aberto, ele, cheio de páginas cerradas. Companheiro de aventuras, e quantas aventuras. Eu, tagarela, ele, quase mudo. Discrição absoluta para o mundo, escancaramento total para mim. Cúmplice de todos os passos de minha vida. Não lê este blog. Talvez nunca leia o que escrevo aqui. Não gosta de ler. Eu, amante da palavra escrita. Ele, um menino grande cheio de ideias. Tenho todos os motivos para não amá-lo e todos para amá-lo também. Fico com a segunda opção. O amor pula dentro de mim. Amo, apesar de. Amo, por causa de.

Dia dos namorados, as canções de Jorge Vercilo embalaram nosso amor. Noite EMOCIONANTE! Encontrei um vídeo no youtube com uma canção que gostamos muito (Fênix). Não é do show que assistimos, mas foi cantada lindamente lá. Entre as diferenças e semelhanças que temos, a música sempre nos une.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Invasão

Abre a porta de casa. Entra, limpa os pés no tapete. Caminha para a cozinha e encontra uma surpresa. Um bilhete colado na geladeira, que diz: Estive aqui. Ligo mais tarde.

Não faz ideia de quem poderia ter deixado aquele bilhete. E ninguém tem a chave daquela porta. Ao redor está tudo aparentemente em ordem.

Segue para seu quarto e encontra mais um vestígio. A cama desfeita, um cheiro no ar. Aroma agradável que a faz recordar os tempos de criança.

No travesseiro, encontra uma caixa colorida. Dentro dela, encontra mais um bilhete. Você ainda não sabe quem sou, mas entenderá quando eu ligar mais tarde. Guarde esta caixa, pois ela poderá ser útil.

Um medo a arrebata. Corre para o banheiro, despe-se e senta-se no chão. Alguém havia entrado em sua casa, alguém conhecia os seus segredos. Fica ali parada por um tempo, encolhida em si mesma.

O telefone toca. É ele. Ou ela. Com o coração aos pulos, sai do banheiro e atende a chamada. Hesita por uns instantes, mas consegue ouvir a voz do outro lado da linha. Você já sabe quem eu sou? Com a voz quase inaudível, responde: Agora eu sei. Acho que sempre soube.

A campainha toca. Desliga o telefone. Não abre a porta. Poderia ser mais um intruso. A campainha insiste. Veste a roupa rapidamente e decide ver quem é. É o zelador do prédio que traz uma carta. Alguém tinha deixado na soleira da porta.

Não abre. Não tem remetente. Mas ela sabe quem é. Segue para o quarto. Sente-se vigiada. Vê a caixa aberta em cima da cama. Guarda ali a carta.

Volta ao banheiro, toma banho. Lava os cabelos demoradamente. Não pensa em nada, apenas ouve o barulho da água caindo no chão.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Céu aberto


Depois da tempestade... O céu se abriu outra vez. Ainda bem que durou pouco a nebulosidade. Há momentos em que a melhor forma de ganhar energia é fazer as malas. Estou fazendo as minhas. Vou florescer um pouco em outros ares.

(Imagem: Flickr)

sábado, 6 de junho de 2009

Desabafo

Nas duas últimas semanas, minhas pétalas quase murcharam. Primeiro, encostei meu carro no carro de um vizinho. Não foi nada de grandes proporções, mas me causou uma pequenina dor de cabeça. A sorte é que esse vizinho é boa gente, porque se fosse algum outro, estaria com um problema enorme. Pior é que meu carro já apareceu ralado nessa "bendita" garagem e só Deus sabe quem foi o causador... Como se não bastasse, outro vizinho tem me causado transtornos, pois com sua falta de bom senso e por uma lógica absurda que só ele entende, se acha no direito de ocupar uma vaga a mais na garagem do prédio. Volta e meia me deparo com o carro dele na minha vaga e isso tem me tirado muito do sério. Seguindo essa linha automobilística, recebi uma autuação de infração de trânsito por excesso de velocidade. Logo eu... Mas descobri pela data e horário que não fui eu, mas sim meu namorado, mas como ele é bastante cauteloso com esses radares eletrônicos, é claro que vou recorrer. Pode ter realmente ocorrido o fato, mas é algo questionável, por isso, não pagarei a multa assim tão facilmente.

Ontem, para completar meu inferninho astral, fui assaltada. Um malandro levou meu celular. Não vou comentar sobre muitos detalhes da cena, só digo que tentei argumentar um pouco com ele de que meu celular não tinha tanto valor, mas entre aquele celular todo descascado que nada me havia custado, já que foi a operadora telefônica que me deu, e os demais objetos que carregava em uma sacola de compras e na minha bolsa, não relutei tanto e lhe entreguei o celular. De fato, não foi uma perda tão grande, afinal, a operadora telefônica já vai mandar outro para mim, que será recebido na comodidade do meu lar. Um infeliz aquele homem. Pelo menos não houve violência física.

Continuando meu desabafo, hoje aconteceu um fato inusitado. Depois de rodar horas e horas no shopping em busca de um presente de dia dos namorados, consegui encontrar algo perfeito. Mais tarde, ao conversar com o presenteado, ouvi seu relato feliz da vida de uma aquisição que tinha feito. A felicidade dele se converteu em tristeza minha, porque, acreditem, ele tinha comprado exatamente a mesma coisa que eu tinha escolhido para ser o seu presente. Ê, sintonia... Gosto quando nossa sintonia se cruza bem, mas hoje preferia que não tivesse sido assim. Resultado, lá vou eu trocar o presente. Não resisti e revelei a (in)feliz coincidência. Ele achou super engraçado, enquanto eu nem um pouco.

Para finalizar, hoje começaria um curso novo, mas pela segunda vez seguida foi adiado. Só tive o "trabalhinho" de me deslocar até o local do curso em meio a uma série de adversidades, mas tudo bem, eu sobrevivi. Há coisas muito piores acontecendo no mundo, embora não me sirvam de consolo, mas de motivo para murchar mais ainda. Mas, eu não me renderei. Como disse no início, eu quase murchei. Quase. Ainda bem que foi quase. Daqui a pouco minhas pétalas estarão completamente abertas outra vez. Para relaxar, fui ao salão de beleza. Arrumei as madeixas e pintei as unhas de violeta.

P.S.: Em comemoração à semana do meio ambiente, um estudante bem gurizinho me abordou na rua e me deu algumas sementes de girassol. Vou plantar para ver se vingam.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Eu mesma

Eu amo a minha mãe, converso com meu cachorro e falo sozinha. Eu amo tirar fotos, tenho mania de mexer no cabelo, gosto de estudar e acredito no amor. Eu amo tomar sol, teatro e cinema. Eu amo a natureza, os animais e as flores. Até quando a natureza suportará? Eu amo viajar com meu amor, quero casar e ter filhos e adoro dormir juntinho. Conversa é a base de tudo na vida. Eu odeio buzina, bebida alcóolica, drogas e gente sem personalidade. Sou viciada em livros, amo e acredito em Deus e minha imaginação é foda! Acredito que o Brasil precisa de Educação, violência com animais é crime e música é um bem necessário. Escrever é minha terapia. Sinto falta da minha vó. Venci o medo de dirigir. Cheiros me trazem lembranças. Eu não jogo lixo no chão. Vejo nuances nas coisas. Adoro filme, pipoca e guaraná. Nada acontece por acaso. Eu não pertenço a este mundo. Sou fã de Renato Russo, Fernando Pessoa, José Saramago, Mariah Carey, Michael Jackson, Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Mário Quintana, Jota Quest, Skank, Carlos Drummond de Andrade, Ana Carolina, Djavan, Luís Fernando Veríssimo, Machado de Assis, Aghata Christie, Gabriel Garcia Marquez, entre tantos outros nomes, lembrando que admiro os artistas, suas vidas pessoais nem tanto, em alguns casos.

Meu Deus, em quem confiar? Abstraia, a solução é abstrair! De gente ruim quero distância. Da minha vida cuido eu!

Obs.: Ideia roubada de uma e-amiga, baseada nas comunidades das quais participo no orkut.

domingo, 31 de maio de 2009

Passe adiante

O dia amanheceu cinzento e prenunciava fortes tormentas. Era um dia daqueles em que tudo que menos se quer é deixar o conforto da cama quente e da segurança do lar. Mas a vida lhe chamava lá fora e Sofia tinha que cumprir sua jornada diária. Assim como o cinza do céu estava seu começo de dia. Ao sair da garagem de seu prédio, apressada como de costume, encostou o carro no portão. Nublou-se, mas seguiu. Estacionou o carro próximo ao trabalho e percebeu que havia esquecido seu guarda-chuva. Foi então que surgiu um desconhecido que lhe ofereceu carona no seu guarda-chuva azul. Acostumada com a violência da cidade grande, Sofia ficou surpresa com a gentileza daquele homem e recusou seu auxílio, afinal, poderia ser mais um golpe de um bandido que a assaltaria mais adiante. Mas, a chuva estava tão forte que se imbuiu de coragem e aceitou a gentileza. Caminhou com aquele desconhecido até chegar ao trabalho, durante uns três minutos. Sentiu remorso por ter duvidado dele. Um remorso tão intenso que a fez encolher-se em si mesma, mas no fundo estava feliz por sentir calor humano naquele dia tão acinzentado. Despediu-se dele com um Obrigada. O senhor foi muito gentil. A resposta que obteve, ficou guardada em sua memória: Não há de quê. Passe adiante. Dias cinzentos podem se tornar azuis. Você que está lendo esta historieta, passe adiante. Gentilezas sempre são bem-vindas, principalmente quando não são esperadas.

Ausência


Saia de casa antes de clarear o dia. Dirigia cerca de duas horas até chegar ao trabalho. Era o primeiro a chegar e o último a sair. Passava o dia inteiro em frente ao computador, cercado de planilhas e e-mails. Sempre gentil com todos, inclusive com aqueles a quem jamais convidaria para ir a sua casa. Ossos do ofício. Passava o dia inteiro ao lado de vários colegas e pouco sabia de suas vidas. Tampouco ele sabia da vida deles. Estavam quites. Muitas vezes, laconicamente, dizia apenas um bom dia e nem sempre encontrava resposta. Em um inverno, afastou-se do trabalho porque seu pai havia falecido. Ao retornar, nenhum colega confortou-lhe pela perda. Alguns nem sabiam o que havia ocorrido. Encontrou em sua mesa uma pilha de envelopes que o levariam à produção de novas planilhas. Certo dia, durante o expediente, sofreu uma parada cardíaca. Sua cabeça pendeu sobre a mesa na qual trabalhava. Seus colegas só notaram sua ausência três dias depois, quando a natureza começou a sinalizar que aquele corpo não pertencia mais a esta vida.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Nada a perder

Não tenho nada a perder. Na falta de melhores palavras para definir o sentimento de incerteza que lhe invadia os pensamentos, foi isso que disse. Estava ali por prazer, apenas isso. Não basta?

domingo, 24 de maio de 2009

Vendedor de palavras

Apareceu de repente. Tinha cheiro de incenso e tatuagens no corpo. Queria vender suas poesias. Se verdade ou mentira o que ele me falou, acolhi seu trabalho de vendedor de palavras. A poesia que escolhi em nada me interessava. Era tola demais na minha concepção, mas falava de amor. Amor à primeira vista. Segundo ele, a mais vendida. Antes de sair, ele me disse que não acreditava no que havia escrito e que aquela poesia era mera ilusão. São palavras ao vento – disse ele. Eu não acredito no amor – acrescentou. Paguei 1 real. Agradeceu, apertou minha mão e disse: Talvez não valesse 1 centavo, mas o melhor que ganhei hoje foi o seu sorriso.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Fascinação

Guardo uma frustração de infância por nunca ter tido um kit detetive. Costumava ver o anúncio desse kit nas revistas em quadrinho da Turma da Mônica. Nunca tive o prazer de ganhar um de presente. Não faço a menor ideia se ainda existe esse tipo de anúncio em revistinhas. Não é algo que a meu ver faça sucesso entre as crianças de hoje, talvez nem fizesse entre as da minha infância. Já me diverti bastante com o jogo Interpol. Fascínio absoluto. O estímulo que sinto de investigar as coisas me arrebata. Há um desejo latente em mim de desvendar mistérios. Não entendo bem que fascínio intenso é esse que me empurra a fazer descobertas. A satisfação que tenho é indescritível. Doce deleite da minha alma.

(Imagem: Flickr)

sábado, 16 de maio de 2009

Sonhos


É incrível ver o brilho nos olhos de alguém quando fala de um sonho, porém ainda mais incrível é sentir esse brilho em si mesmo. Tudo pulsa, tudo vibra, tudo brilha!

Pizza com Coca-Cola

Manhã:

Vai sair?

Vou.

Os chinelos andavam por toda a casa, vagarosamente. Afastava o cachorro, recolhia um cisco do chão, olhava através da janela. Penteava os cabelos. Percebia movimentos no quarto e de novo perguntava:

Vai sair?

Vou.

Você só anda na rua. Não demore.

Sentava-se no seu sofá cativo, pegava a caixinha de costura, alguns tecidos e começava a costurar. Levantava, ia para o quarto, cochilava e aguardava o horário do almoço.

Almoço:

O almoço era colocado no prato e anunciado. Sempre dizia que não estava com fome, mas sentava-se no mesmo cantinho da mesa e comia sem reclamar. De volta ao sofá, assistia um pouco a algum programa na TV, afastava o cachorro, bebia um pouco de suco, olhava pela janela, cochilava e esperava o sol se pôr.

Noite:

Tomava banho, vestia o robe, passava talco, penteava os cabelos e esperava o café. Ouvia o barulho da chave na porta, os latidos eufóricos do cachorro e dizia:

Que demora danada!

Eu tenho que trabalhar...

Que diabo de trabalho! Bote logo meu café que eu quero ir dormir.

Sentava-se à mesa, tomava café, dava uns pedacinhos de pão ao cachorro, tirava a dentadura, guardava em um copo e ia dormir. Costumava sonhar que estava comendo um pedaço de pizza com Coca-Cola.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

13 de maio

“O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana.” (Monteiro Lobato, no conto Negrinha)

Dia da abolição da escravatura ou dia do começo das violências veladas?

Que Deus permita um dia que o mundo se dispa de toda e qualquer forma de racismo. Que a humanidade se permita uma junção de cores e construa uma bela aquarela, com respeito às crenças, costumes e valores.

domingo, 10 de maio de 2009

Destino

Hoje, faz exatamente 6 anos que me formei. Que rumos tomei de lá para cá? Consegui realizar tudo que havia projetado naquela época? Não e sim. Sim e não. Talvez...

Coincidência do destino ou não, encontrei ontem em um restaurante o garçom que contratei para trabalhar na minha festa de formatura. Incrivelmente, aquele homem não só me reconheceu, como sabia o meu nome. Fiquei estupefata! Meu namorado, que presenciou a cena, chegou a pensar que o pobre garçom queria ouvir nossa conversa, pois não tirava os olhos da mesa em que estávamos e não perdia a oportunidade de se aproximar. Não nego que por um momento cheguei a pensar que conhecia aquela figura, mas foi um pensamento vago e que logo foi desfeito. Grata foi minha surpresa na saída daquele restaurante, quando sem resistir à descoberta, ele revelou que me conhecia. Josué garçom. Era assim que tinha seu nome registrado em meu celular antigo. Perdi o contato depois. A riqueza de detalhes que aquele garçom revelou saber da noite de minha formatura me deixou realmente impressionada. Só errou na cor do meu vestido. Mas saber meu nome foi demais.

Esse encontro me fez refletir um pouco sobre o que se passou comigo durante esses seis anos. Mudei de namorado (esse é para casar, meu Deus!). Nunca imaginei que fosse dirigir e hoje dirijo, não sou uma hábil motorista, mas enfrento a pista aos trancos e barrancos. Pensava que já teria minha casa (em breve, people...). Trabalho em um lugar no qual sequer imaginava na época. Voltei para a faculdade por amor à Literatura. Quem diria... Pinto minhas unhas de vermelho vibrante, aliás, pinto de quase todas as cores, coisa que jamais fazia antes. Ai, ai...

E vocês, que passeiam por meu jardim, já pensaram no que se passou em suas vidas nos últimos anos?
(Imagem: Google)

Nada

Todos os dias, inúmeras pessoas que circulavam na rua Esperança viam um homem deitado na calçada. Às vezes, nem o viam, pois se enrolava em sacos e papelões e facilmente era confundido com pacotes de lixo. Quando não estava deitado, aparecia do outro lado da rua jogando uma pedrinha para cima e pulando em volta de si. Foi assim por muito tempo, anos a fio. Ele não pedia nada, não falava nada, não olhava para ninguém (ou se olhava, ninguém percebia). Como ficava boa parte do tempo deitado no chão, sua distração era apreciar os sapatos que por pouco não chutavam seu corpo estendido na calçada. Alguns transeuntes que passavam pelo local, chegavam a pensar em como aquele homem atrapalhava a passagem, inclusive, comentavam entre si a inconveniência. O dono de uma padaria próxima à morada daquele indivíduo alimentava-o com uma refeição ao dia.

Certa noite, uma ronda policial levou o sujeito embora porque estava nu. Nunca mais foi visto. Muitos sequer notaram sua ausência. O local onde ficava o sujeito logo foi ocupado por um cachorro. Graciosíssimo. Em poucos dias, uma senhora, que passava por ali regularmente, apiedou-se do cãozinho e o levou para casa, onde foi recebido com muita alegria por sua família.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Viajar é preciso


"Viajar é viver". Desbravar lugares novos. Conhecer outras pessoas. Passar uns dias fora do seu lugar comum. Degustar novos sabores. Registrar nas lentes da câmera fotográfica (essa invenção maravilhosa), na memória e no coração momentos inesquecíveis.

Quem dera...

Quem dera a chuva servisse apenas para aproximar casais em um abraço e um beijo caloroso, dividindo um pequeno espaço de proteção embaixo de um guarda-chuva. Quem dera essa mesma chuva servisse apenas para acolher o corpo de quem se ama embaixo do cobertor. Um resguardando o outro em seu ninho. Quem dera a chuva servisse apenas para irrigar a vida de mais vida. Quem dera a chuva fosse mais motivo de alegria do que de caos. Quem dera...
Oh! chuva
Eu peço que caia devagar
Só molhe esse povo de alegria
Para nunca mais chorar.

(Trecho em itálico - Composiçao: Luís Carlinhos / Intérprete: Falamansa)
(Imagem: Google)

domingo, 3 de maio de 2009

Acalanto

Escrever é uma arte que existe para acalantar o coração e as ideias.

O retorno de Saturno

28 anos, quase 29, batendo à porta dos 30. Descobri recentemente em conversa com uma colega de trabalho que para os astrólogos, nesse período da vida, vivemos o retorno de Saturno. Encontrei um texto interessante sobre o assunto. Colei abaixo para quem se interessar:

Entre os 28 e 30 anos de idade, ocorre o primeiro retorno de Saturno, ou seja, o planeta em trânsito se posicionará no mesmo local em que ele estava no momento de nascimento da pessoa e iniciará uma nova volta em torno do zodíaco.

Novamente, como em todo trânsito de Saturno, ocorre um doloroso rito de passagem, envolvendo responsabilidades, desta vez maiores do que nunca. A partir deste período, muitas coisas que antes eram parte de uma gama de opções se tornam definitivas. É o momento de determinar o que vai dar impulso aos próximos 28 anos e tudo o que é decidido tem sua repercussão e conseqüência.

Este período representa também o fechamento sobre todo o passado de dependência familiar, uma liberação final de tudo que ligava às servidões da infância e da adolescência, uma aquisição definitiva de autonomia. É o ponto final do caminho de relaxamento de responsabilidades dos pais sobre os filhos.

Aos 28 anos, as pessoas começam a se preparar para inverter os papéis. Nesta época, surge a necessidade crescente de se fundar um lar, ter filhos, educá-los e progredir profissionalmente. É a chegada definitiva da certeza da sua responsabilidade em relação aos outros, em que se procura gerar confiança em que os cerca e se começa a pensar seriamente no futuro. É o primeiro contato com a sensação de que o tempo passa e que a velhice não tarda a chegar, por isso a intensificação das cobranças internas. Não é mais tempo para ilusões e sim para definições.

Nesta época, as pessoas começam a adquirir um senso de responsabilidade não apenas para si próprias, mas também para aqueles que a cercam. Começa-se a perceber que as suas decisões terão influência na vida daqueles que amam. Agora, e cada vez mais, são os pais que passam a ser seus dependentes, o que aguça o sentido de cumprir sem falhas a sua missão, que é uma tarefa solitária e de extrema importância para toda a família. Mas, ao mesmo tempo, Saturno que é sempre associado a processos de diferenciação, individualização e separatividade, leva os indivíduos a procurarem dar a seus filhos uma educação diferente da que receberam. Paradoxalmente, com a nova aproximação dos pais, as pessoas se deparam tomando decisões surpreendentemente parecidas às deles.

As pessoas que ainda não se definiram na vida passam a se sentir muito angustiadas, porque o fantasma do fracasso começa a ameaçar. Freqüentemente, aos 28 anos as pessoas retomam os estudos, procuram caminhos profissionais definitivos e não mais bicos e trabalhos esporádicos. A crise provocada por Saturno sempre é complicada, já que mexe com assuntos como o tempo e a idade, fracasso, frustração ou sucesso. Todos estes aspectos são muito angustiantes porque abalam a auto estima de cada um.

O ciclo dos 28 anos de Saturno é completado quando se pode tomar nas mãos com segurança as rédeas e o controle da própria existência. Desligar-se do passado para apenas conservar dele as bases mais sólidas sobre as quais deve ser projetado e construído o futuro.

(Trecho da apostila "Ciclos Planetários", da astróloga carioca Márcia Mattos)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Tempo e vontade

Era uma vez Joana, que nunca tinha tempo para nada. Mulher que se desdobrava em mil para abarcar os filhos, o marido, a casa e o trabalho. Sua vida social vivia entregue às traças, quase não via os irmãos, os sobrinhos, os amigos, nada, ninguém. Seu circuito se resumia a casa-trabalho-casa. Mas, um belo dia, decidiu investir em algo que sempre teve vontade. Numa manhã de domingo, enquanto preparava o almoço na cozinha, cortou o dedo ao tentar desossar um frango. Olhava para aquele frango e imaginava o sofrimento que tivera o animal antes da morte. Teriam torcido seu pescoço? Isso não saia de sua cabeça e enquanto cortava as carnes tenras do animal, sentiu-se um pouco como ele. Ninguém lhe havia torcido o pescoço, mas sua vida parecia tão sufocante que era assim que se sentia, como se a cada dia passasse por uma pequena tortura. Nesse ponto, achava até que o frango tinha mais sorte do que ela, afinal, ele morria assim que torciam seu pescoço, morte instantânea. Quando pequena, já tinha visto sua vó assassinar frangos. Eles deviam sentir a iminência da morte porque gritavam assustadoramente. Alguns eram até mais resignados, mas uma coisa que sempre faziam era bater as asas. De que adianta ter asas se não se pode voar? A vó colocava um pires embaixo do bicho, para não sujar o chão de sangue. Em meio a esses pensamentos, apiedada dos frangos e de si mesma, a faca deslizou e foi-se um corte no dedo. Agora ela também sangrava, assim como o frango de pescoço torcido. Correu para o banheiro para lavar o dedo e colocar remédio que tinha em um armariozinho. Depois que fez um curativo, desistiu de preparar o almoço e pensou em pedir uma pizza. Não estava mesmo com vontade de cozinhar naquele dia. Ficou reflexiva por alguns momentos e acordou o marido, que estava descansando no quarto.

Paixão, amanhã vou me matricular na escola de música.

Escola de música? Você está doida? O que vai fazer lá? Que tempo você tem para isso?

Preciso aprender a tocar piano, antes que cortem meus dedos.

O marido não entendeu bem, mas após alguns minutos de conversa, decidiu não questionar mais a esposa. O fato é que desde pequena, Joana tinha vontade de aprender a tocar piano e sentiu naquele momento que precisava começar.

domingo, 26 de abril de 2009

Descobrindo e reafirmando talentos

Guilherme Arantes

Maviael Melo

Hoje, no Parque da Cidade, em homenagem aos 20 anos do IBAMA, tive a felicidade de conhecer o talento de um artista e de reafirmar o de outro. Maviael Melo se enquadra na primeira opção e Guilherme Arantes na segunda. Debaixo de um sol escaldante, conheci o poeta e cantor Maviael, que entre seus versos e canções proporcionou ao público um espetáculo maravilhoso, que se abrilhantou ainda mais com o show belíssimo de Guilherme Arantes, que entoou canções aclamadas pelo público. Nota 10. De graça.

Aproveito para fazer um alerta em relação à degradação intensa que o meio ambiente tem sofrido. Quem me conhece sabe o quanto prego o bem-estar da natureza. Podemos colaborar com medidas simples, como evitar usar sacolas plásticas. Muitas vezes as pessoas pegam sacola plástica até para guardar uma cartela de aspirinas, quando poderiam colocar dentro do bolso ou da bolsa. Os plásticos são verdadeiras bombas no meio ambiente, levam em torno de 500 anos para se decompor. Pequenas atitudes já podem fazer a diferença.

Bienal do livro 2009

Eliana Mara e eu




Eu e Renata Belmonte
Na bienal do livro deste ano houve um desfile de talentos. Estive lá dois dias, que foram bastante proveitosos. Em um deles, assisti a uma exposição sobre literatura, blogs e bloguerias, na qual conheci Renata Belmonte, Lima Trindade e Gustavo Rios. Interagindo com a plateia, os convidados para a exposição falaram, entre outras coisas, sobre a visibilidade que os blogs proporcionam, a interação do público com os escritores, na rede que se amplia através da caixa de comentários, o real e o ficcional, a estética dos blogs, a possibilidade de escrever sobre qualquer assunto (segundo Lima Tindade, o subir no caixote para falar livremente).

No segundo dia em que estive lá, fui prestigiar Eliana Mara Chiossi, professora, escritora e blogueira por quem tenho grande admiração. Ela recitou suas narrativas poéticas (considero assim os textos dela) na praça do cordel e poesia, e ainda deu uma palhinha cantando ao final. Conheci também o poeta de Arembepe Walter César, uma figuraça. Nesse dia, tirei várias fotos, pois não cometi a falta gravíssima do primeiro dia, em que esqueci a máquina em casa e tive que pedir a minha quase xará que conheci lá para pelo menos registrar uma foto com Renata.

Tive a companhia da mama em um dia e do love no outro, embora literatura não seja muito a praia dele, que preferiu ficar olhando as novidades, enquanto eu estava no cordel e poesia. Não fiz muitas aquisições para meu acervo de livros, porque desde que conheci o site estantevirtual (http://www.estantevirtual.com.br/) tenho aderido aos sebos online. Enfim, valeu! Vamos aguardar 2011.