Não sei se tem sido um ano de muitas perdas artísticas ou se é apenas
impressão... Mas grandes poetas estão indo embora. Hoje foi a vez de
Manoel de Barros, o menino que carregava água na peneira em suas poesias
e conseguia fazer com que o nada, o vazio, as ilusões tivessem algum
sentido pelas palavras, ou não.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas."