domingo, 26 de agosto de 2012

A casa da minha alma

Este blog surgiu da vontade que tive um dia de estudar a literatura que poderia surgir de blogs. Vontade que passou ou pelo menos adormeceu. Tornou-se a casa da minha alma, espaço de refúgio. É para cá que corro quando as palavras saltitam de mim, quando sinto necessidade de gravar no mundo o que brota. Hoje, bateu essa vontade de gravar que após um tempo de motivação profissional, mais uma vez a incompletude bate à porta. É verdade, abriu-se a lacuna outra vez. Sigo apoiada na força de Deus. Amém!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

À margem

Para os que estão à margem, estigmas, rótulos, marcas.
Aprendi na faculdade que ser marginal não é apenas ser bandido, mas também pode significar estar à margem da sociedade. Nesta posição estão os menos favorecidos socialmente e os mais rotulados, seja pela cor da pele, por questões de gênero, por padrões estéticos... E até nossa naturalidade estigmatiza. Em um reality show que está atualmente no ar, somente um participante carrega uma alcunha dada por seus colegas: baiano ou Bahia. Porque é natural da Bahia, porque tem um sotaque diferente dos demais, porque os que não estão à margem sentem prazer em rotular, em roubar do outro o seu nome próprio para marcá-lo como se tivesse que carregar uma bandeira da marginalidade. Perceber isso me incomoda profundamente. Só quem carrega suas "bandeiras" para sentir o que é ter a identidade como um peso que lhe mostra que você é socialmente um marginal. E aqui a língua fere, pois a mesma palavra que traz o peso da malandragem em si, também serve para representar categorias sociais que precisam ser vistas e recebidas sem estigmas. Quando conseguirmos não mais marcar as pessoas, o mundo terá subido um degrau para a evolução da mente humana. Espero viver o suficiente para ver esse dia chegar. Será?

terça-feira, 10 de julho de 2012

Notívaga



"Melhor a verdade que dói do que a mentira que produz falso alívio". Difícil conviver com a dúvida, mas o que fazer com a verdade? Seja qual for, que seja o seu melhor destino. A verdade ou a mentira podem causar dor, mas a dúvida corrói a alma. Notívaga, segue noite adentro em busca de paz de espírito.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Buenos Aires

Acabei de voltar de Buenos Aires e que dias maravilhosos vivi lá! Antes de viajar, como de costume, busquei várias informações de amigos que já tinham ido e inúmeras outras informações pela internet que foram extremamente úteis. Então, para os que são marinheiros de primeira viagem à Argentina, deixo aqui também as minhas dicas.

A primeira impressão que tive ao chegar à cidade foi semelhante a quando estive em São Paulo. Buenos Aires pareceu à primeira vista, exceto pelos rios de La Plata e Tigre, uma selva de pedra com gente caminhando por todos os lados. Viajei em “lua-de-açúcar” e ficamos hospedados no Hotel Ibis, perto do Obelisco, um dos cartões postais da cidade. O hotel fica na Avenida Corrientes, que é muito movimentada todo o tempo, cercada de teatros (muitos mesmo), centros culturais, restaurantes, cinemas, lojas e tudo que se possa imaginar. Ah, e repleta de turistas brasileiros. No centro de Buenos Aires, onde fica a Corrientes e no bairro da Recoleta, um bairro chique de lá, por qualquer lugar que se passe, sempre se ouvirá grupos ou casais conversando em português. Nós nos sentimos como japoneses, porque mesmo sem abrir a boca, parecia que tinha escrito em nossas testas “brasileiro detected”. rs E sobre abrir a boca, arranhei por lá meu espanhol e foi no mínimo curioso ver como eu me esforçava para falar em espanhol e a maioria dos meus interlocutores se esforçava para responder em português. O resultado disso foi o bom portunhol para todos. rs

Gostamos do hotel por estar bem localizado e ter um bom atendimento, além de valores razoáveis, apesar do café da manhã ser bem repetitivo, mas para quem conhece o Ibis o café é pago à parte, então não precisa tomá-lo todos os dias. Há inúmeras outras opções pela cidade, que é repleta de cafeterias.

Tudo em Buenos Aires é muito caro, ao menos foi a nossa percepção. No meio turístico os valores são superfaturados, mas valeu a pena pagar cada centavo pelos passeios que fizemos e muitos deles foram feitos a pé, já que a cidade é plana, só me lembro de ter visto uma ladeirinha. Recebemos recomendações em excesso acerca do metrô, então optamos por não utilizá-lo. Por curiosidade, descemos um dia para ver como era e nem adentramos direito devido ao forte fedor de urina que estava nas escadas. Parece que há muitos assaltos nos metrôs, então preferimos não nos arriscar.

O bairro La Boca é visita obrigatória, especialmente conhecer o Caminito. No dia que fizemos um city tour, paramos por lá e parece um pouco com o Pelourinho. Para quem curte futebol, o estádio do Boca Juniors fica nesse bairro.

Ah, e não poderia deixar de falar do famoso tango argentino. Há shows de tango por toda a cidade e apesar dos preços salgados são grandes espetáculos. Você tem a opção de pagar com ou sem jantar. Assistimos ao show do Señor Tango e gostamos muito. É espetacular! Deslumbrante! Vale a pena conferir. Aliás, como ficamos hospedados na Corrientes, que é cercada de teatros, percebemos que eles valorizam muito a arte e as peças devem ser verdadeiros espetáculos mesmo. O teatro Colón também é muito bonito. Não entramos porque achamos o valor cobrado abusivo (110 pesos por pessoa somente para visitá-lo) e tínhamos ainda outras programações, mas para quem tiver dinheiro sobrando, deve valer a pena.

A Casa Rosada é bom visitar em um domingo, porque a visitação só é liberada domingos e feriados e em seguida já se pode ir para a feira de San Telmo, que é enorme, só acontece aos domingos e começa em uma rua pertinho da Casa Rosada. Nessa feira, há de tudo! Se tiver perna para andar até o final, verá uma infinidade de barraquinhas e galerias imensas.

Sobre dinheiro, nunca troquem com taxistas ou qualquer outra pessoa que ofereça fazer câmbio, mesmo que pareçam confiáveis, principalmente na Calle  Florida, pois haverá perdas consideráveis. O melhor lugar para trocar dinheiro é no banco e para isso recomendo o Banco Piano ou o Banco de la Nación. Caso façam isso, o procedimento é retirar uma senha de "cambio de moneda extranjera", verificar a indicação no painel do número do seu caixa e entrar na fila dele, se houver. Quando chegar a sua vez na fila, fique de olho para entrar quando o número do seu caixa acender. Os caixas ficam meio escondidos atrás de portas. Porém, o mais indicado mesmo é habilitar seu cartão do banco para fazer saques internacionais. A taxa cobrada é baixa e você recebe o dinheiro em pesos argentinos. Verifique com seu banco esse procedimento. Para quem tem cartão múltiplo, cuidado para que não habilitem o uso no exterior apenas para a função de cartão de crédito, pois isso aconteceu comigo e não consegui sacar. A sorte foi que tinha trocado um bom dinheiro antes de viajar por segurança e meu companheiro tinha dinheiro para trocar e conseguiu efetuar saque com o cartão do banco dele. Para sacar, qualquer caixa eletrônico da rede Banelco resolve nossos problemas. E há um em cada esquina!

É interessante contratar um city tour logo no primeiro dia para se ter uma melhor visão da cidade e organizar futuros passeios. Acertamos um city tour por meio do hotel.

A Recoleta é um bairro muito bonito e organizado. Vale a pena conhecer o cemitério de lá por ser diferente do que estamos acostumados e também para conhecer o túmulo de Evita Perón, para quem se interessar. O túmulo de Evita é o da família Duarte. Na Recoleta, também conhecemos um shopping chamado Patio Bullrich e um outro chamado Design, este que é de móveis e decoração. Aos sábados há uma feira com artesanatos e diversos. Ainda na região da Recoleta, há uma flor metálica enorme, monumento chamado Floraris Genérica, muito bonito. Há uma alameda de museus, onde vale a pena visitar o MALBA, pagando alguns pesos. Perto do cemitério também há muitos restaurantes e cafeterias acostumados a receber brasileiros.

Puerto Madero é um bairro moderno, muito agradável e com muitos restaurantes bons, com vinhos para todos os gostos. Vale a pena fazer uma visita ao Barco Museo e ver o cair da noite na Puente de la Mujer. Lá também visitamos o Casino Flutuante, mais por ser algo diferente e pelos restaurantes de lá, a não ser que você queira arriscar a sorte... rs

Também aproveitamos um dia para conhecer a Colonia del Sacramento, no Uruguai e foi muito gostoso. É um lugar bastante aconchegante. Fomos em uma embarcação chamada Buquebus, que sai de Puerto Madero. Foi um passeio caro, porque optamos pelo barco mais rápido e fechamos com uma agência, além disso, saímos de um país para outro, tivemos que passar pela imigração e tudo isso aumenta os custos do passeio. Na colônia, há um ônibus turístico que circula o dia inteiro com guias locais e explicações em vários idiomas que podem ser ouvidas por um fone de ouvido.

De tudo que vimos na Argentina, o que mais desfrutamos mesmo foi o passeio ao Zoo de Luján. Para quem curte os animais, é um passeio imperdível! Há um zoológico na cidade que não chegamos a conhecer, mas o Luján, que fica um pouco mais afastado, é especial, pois os animais são criados com e como cachorros, ou seja, são domesticados. Foi maravilhoso acariciar e alimentar os leões, tigres, elefantes, ursos, camelo, veados, cobras, etc. Nossa, foi bom demais!!!

Os argentinos têm hábitos alimentares pouco saudáveis e a comida é muito gordurosa. Um prato típico de lá chamado parrillada ou parrilla é um monte de carnes estranhas e extremamente gordurosas. Eu não curto, mas tem quem goste. Os pratos de lá geralmente não têm acompanhamentos, então se você pedir um frango virá o frango puro, no máximo acompanhado com batatas, sejam noisetes ou em forma de purê. Arroz e feijão nem aparecem nos cardápios e é importante saber que eles costumam comer pão antes das refeições, o que chamam de cubierto. Sempre que se pede almoço ou jantar vem o bendito cubierto, mas o pior é que em boa parte dos restaurantes o cubierto funciona como uma espécie de couvert, ou seja, mesmo que não coma, basta sentar para ter que pagar o bendito, então, sempre comíamos um pãozinho, às vezes acompanhado de um queijinho cremoso ou maionese antes das refeições. Já as sobremesas, de um modo geral são deliciosas, especialmente as que têm doce de leite. Comi muita massa e gostei de uma que não conhecia chamada sorrentinos. Os melhores lugares para doces, sorvetes, tortas e alfajores são Freddo, Havanna e Vesúvio. Ah, e uma cafeteria que gostamos muito foi o Café Tortoni, na Avenida de Mayo. Também nos recomendaram a Cafeteria las Violetas, menos frequentada por turistas, que pela descrição é belíssima, com vitrais coloridos e boa qualidade no cardápio, mas não tivemos tempo de ir lá. Há um restaurante brasileiro no bairro Palermo, que também vale conhecer, chamado Me Leva Brasil.

Em relação a compras, não vi nada de tão barato, mas para quem quiser comprar, há ruas e mais ruas com lojas de todos os tipos. Na Calle Florida, há muitos turistas e os preços não são amistosos, mas se acha algumas coisinhas interessantes, não só lá como nas ruas próximas. Seguindo pela Avenida Corrientes, há um bairro chamado Once, onde há lojas com produtos bem mais em conta. Também há um sexy shop grande lá, bem interessante... A Sarmiento, que é enoooooooooooorme, parece uma mistura do Brás com a 25 de março de São Paulo. Há muitos camelôs também por todos os cantos. Comprem um adaptador para carregar celulares e câmeras fotográficas, pois o padrão de tomadas na Argentina é diferente do nosso. Vende-se na rua, em camelôs.

Andávamos sempre atentos aos nossos pertences e somente um dia fomos abordados por um carinha nebuloso que nos pediu dinheiro e ficou caminhando com a gente como se quisesse estudar a situação para nos assaltar, mas aceleramos o passo e graças a Deus nada aconteceu.

Não sei se foi impressão minha, mas achei que há muitos fumantes em Buenos Aires e isso foi meio incoveniente em alguns momentos, mas nada de comprometedor. A temperatura mais baixa que pegamos foi de 5 graus e a máxima 16°. Foi um frio suportável, mas fomos bem preparados para isso, com muitos casacos, luvas, meias e gorros. Na TV, curiosamente um jornal local apresentava a previsão do tempo com fundos musicais inusitados, inclusive Gustavo Lima com seu tchetchetcheretchetchê. rs 

Os argentinos estão acostumados a receber brasileiros e pelo menos na região turística, há muita coisa para facilitar nossas vidas. Os locutorios são ótimos para fazer ligações, pois o custo é baixo desde que se fale o essencial. Basta colocar 0055+DDD do estado+número do telefone.

Espero que ajude aos que forem pela primeira vez!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A esmo

Quero escrever, mas hoje me faltam as palavras, então escrevo a esmo para saciar a vontade. E me vem à mente uma frase que li e guardei de uma escritora que muito contribuiu em minha vida quando estudei com ela: "Existir é apenas uma sucessão de deslocamentos". Deslocada nesta vida me sinto todos os dias. Não são raras as vezes em que afirmo e reafirmo que não combino com este mundo e hoje, mais um vez, repito. Parece um disco arranhado de vitrola antiga, mas não há jeito. Não combino. Por mais que tente, ainda não consigo não me surpreender com atitudes torpes. Deslocada, sempre deslocada, sigo. E a sociedade, como um algoz, segue a nos açoitar com suas cobranças, com seus estereótipos que me irritam e sua imensa dificuldade, ainda, de entender e aceitar que mulheres podem ser independentes e andar com as próprias pernas. Julgam o tempo inteiro em pleno século XXI. Se tivesse nascido em outra conjuntura, que triste fim não teria, meu Deus, ao me rebelar contra os estigmas. Alguns cedem, até adoecem, mas eu insisto em ser eu mesma e por vezes pago um preço alto por isso. A sorte é que sou abençoada pelo espírito esportivo que volta e meia me salva de situações difíceis. Dia desses fui apresentada a um texto sobre inteligência social, mas cá pra nós, a vontade que se tem muitas vezes é de ligar o foda-se (desculpem-me pela expressão chula) e simplesmente ser feliz à nossa moda. É, esse não saber o que escrever já me rendeu algumas reflexivas linhas.


Sou avessa aos padrões e adepta aos desafios, por isso essa permanente sensação de deslocamento, por isso essa vontade infindável de um sei lá o quê que me traz aqui a me refugiar nas palavras para acalmar meus instintos.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sobre mulheres

Outro dia trouxe ao blog Adélia Prado para afirmar que mulher é desdobrável. Depois de ler "A cidade do sol", de Khaled Hosseini, esse desdobramento fica ainda mais latente. Sim, mulheres são completamente desdobráveis e as mulheres dessa história comovente trazem ao leitor o arrepio da ponta dos dedos até o último fio de cabelo. Hosseini já tinha me impressionado em "O caçador de pipas" e só fez reafirmar sua competência em emocionar o leitor, sempre trazendo como pano de fundo das relações humanas, o que ele faz com maestria, a cultura do Afeganistão e o sofrimento causado pela guerra. Ser mulher em todas as culturas é um desafio, mas ser mulher em meio ao regime talibã, transcende ao desafio. As personagens Mariam e Laila são um retrato de mulheres que conheceram em toda a plenitude o que é ser desdobrável. E para além das personagens, certamente existem milhares de mulheres com o sofrimento, abnegação e até mesmo apagamento de si mesmas impregnados na alma, mulheres "como rocha no leito de um rio", mulheres inesquecíveis.