Quando li a sinopse do filme Elysium, não pude deixar de me lembrar do livro Admirável mundo novo. Sempre ele. Guardadas as devidas proporções, poderíamos fazer uma analogia entre as obras e considerar os habitantes de Elysium como o povo Alfa do livro de Huxley. Até a capa do livro me remete ao cartaz do filme, como podem ver aqui:
A essência das obras é mesmo semelhante, uma sociedade dividida em castas. A diferença é que em Elysium os humanos são conscientes dessas diferenças e muitos tentam passar para o outro lado, enquanto que na obra de Huxley, há uma indução para que as pessoas aceitem suas condições sociais.
A trama é envolvente, as personagens são multiculturais e vale a pena assistir. Saí do cinema com a sensação de que o mundo pode estar a caminho do futuro mostrado no filme, com a Terra exaurida de seus recursos, transformada em uma grande favela e a humanidade destroçada, sob o comando de uma minoria "alfa" que vive imune a todos os males. Mas, a grande sacada do filme, ao meu ver, foi mostrar como mesmo nesse mundo ideal construído em Elysium, sonho de consumo dos terráqueos, os interesses políticos emergem e podem ter consequências avassaladoras. Um golpe político ajuda a mudar os rumos da Terra e de Elysium. No final, temos um heroi que morre para "salvar" a humanidade, a mocinha do filme e todos os terráqueos com permissão para habitar o paraíso no espaço, novas pessoas no poder... E, quando se tem o poder nas mãos, já se pode imaginar os rumos dessa nova história... Só que isso renderia um novo filme.
Mas o melhor e que me enche de orgulho é ver a estreia de Wagner Moura no cinema hollywoodiano. Que maravilha é ver esse ATOR, bem assim com letras garrafais, brilhando nas telas como um dos protagonistas. Sim, ele não aparece como um mero coadjuvante, tem um importante papel na trama e não deixa a desejar. Esse baiano é retado mesmo!