segunda-feira, 2 de abril de 2012

A esmo

Quero escrever, mas hoje me faltam as palavras, então escrevo a esmo para saciar a vontade. E me vem à mente uma frase que li e guardei de uma escritora que muito contribuiu em minha vida quando estudei com ela: "Existir é apenas uma sucessão de deslocamentos". Deslocada nesta vida me sinto todos os dias. Não são raras as vezes em que afirmo e reafirmo que não combino com este mundo e hoje, mais um vez, repito. Parece um disco arranhado de vitrola antiga, mas não há jeito. Não combino. Por mais que tente, ainda não consigo não me surpreender com atitudes torpes. Deslocada, sempre deslocada, sigo. E a sociedade, como um algoz, segue a nos açoitar com suas cobranças, com seus estereótipos que me irritam e sua imensa dificuldade, ainda, de entender e aceitar que mulheres podem ser independentes e andar com as próprias pernas. Julgam o tempo inteiro em pleno século XXI. Se tivesse nascido em outra conjuntura, que triste fim não teria, meu Deus, ao me rebelar contra os estigmas. Alguns cedem, até adoecem, mas eu insisto em ser eu mesma e por vezes pago um preço alto por isso. A sorte é que sou abençoada pelo espírito esportivo que volta e meia me salva de situações difíceis. Dia desses fui apresentada a um texto sobre inteligência social, mas cá pra nós, a vontade que se tem muitas vezes é de ligar o foda-se (desculpem-me pela expressão chula) e simplesmente ser feliz à nossa moda. É, esse não saber o que escrever já me rendeu algumas reflexivas linhas.


Sou avessa aos padrões e adepta aos desafios, por isso essa permanente sensação de deslocamento, por isso essa vontade infindável de um sei lá o quê que me traz aqui a me refugiar nas palavras para acalmar meus instintos.