terça-feira, 12 de julho de 2011

Comprometida



Ainda não terminei de ler, mas "roubei" a ideia de um trechinho do livro "Comprometida", de Elizabeth Gilbert,  e o adaptei conforme minha identificação. Isso me faz perceber que livrinhos água com açúcar podem se tornar leituras bem instigantes.

"Falo em aprender a adaptar a vida da maneira mais generosa possível em torno de um ser humano basicamente decente que, às vezes, pode ser um pentelho insuportável."

Com a licença "poética":

Posso garantir que ele jamais fará uma aula de pilates comigo sem reclamar dos profissionais ou da administração do curso. Dificilmente conseguirei que aprecie um belo prato de camarões. Jamais conseguirei lhe tirar uma ideia fixa ou o mau humor, que às vezes chega a extremos cansativos, sem antes perder a paciência ou rezar um mantra para não perder as estribeiras. Ele nunca vai usar aliança, porque não gosta de nenhum corpo "estranho" em seus dedos. Tenho certeza de que não protagonizaremos beijos lascivos às vistas alheias. E, por mais que saiba o quanto eu gosto de livros, jamais se interessará em ler comigo qualquer tipo de literatura, "de modo que esse imenso prazer meu continuará a ser um prazer particular."

"Do mesmo modo, há prazeres da vida dele que jamais serão meus". Adora jogos eletrônicos e eu tenho pouco ou quase nenhum interesse por eles. "Ele é solitário, eu não." É discreto, desconfiado e retrancado e "nossas" amizades serão sempre mais minhas do que dele, construídas por mim e raramente por ele. Dificilmente faremos capoeira juntos ou aprenderei a tocar violão, embora adore música. Certamente, não desenvolverei o prazer de entrar em mercadinhos para apreciar as novidades. Mas, nossas dessemelhanças nos levam a entender o amor em sua plenitude, não pelos fogos da paixão, que é efêmera, mas pelos laços da intimidade, que nos permitem ver o outro tão de perto, mesmo com nossas imperfeições, e isso nos torna seres aperfeiçoados.

A grande sacada é descobrir entre as dessemelhanças aquilo que nos integra totalmente e que faz de nossa união tão intensa. Os relatos aqui são apenas parciais, mas exprimem um pedacinho de nossa relação. A alguns pode parecer banal, mas é muito bom saber que tenho ao meu lado alguém que se dispõe a caminhar ou correr na praia e tomar um sorvete à beira do mar, que me segue e me convida para explorar o mundo, pensando apenas em aproveitar cada momento, que vibra ao ver as nuvens quando estamos num avião e segura forte minha mão na hora do pouso, que me encanta quando menos espero com uma surpresinha de amor...

* Estamos agora em 2016 e revisito este texto com um carinho tão grande como quando ele  foi escrito. E quase nada mudou de nossas personalidades, apenas à aliança no dedo ele se rendeu. rs Coisa boa é revisitar nossas leituras e rabiscos.