segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A menina de asas

A menina nasceu com asas, mas ninguém a ensinou a voar. À noite, sonhava com vôos longínquos. Percorria todas as partes do mundo com as asas bem abertas. Começou a observar as aves e assim aprendeu a voar. No começo, batia as asas timidamente e fazia vôos rasteirinhos, quase não saia do chão. Gostava de subir em árvores. Quando estava triste, era lá que se escondia. À medida que crescia, também crescia sua vontade de conquistar o céu. Mas tinha medo de se perder e não encontrar mais o caminho de casa. Gostava de dias de chuva, daquelas que deixam depois um arco-íris. Seu maior sonho era atravessar aquelas cores. Queria ver se existia um pote de ouro no final, como leu em um livro. A menina lia muitas histórias. Tinha vontade de fazer parte delas. Gostava muito da história do Peter Pan. Queria ser a Sininho e bater suas asinhas livre por todos os lados. Quando já não era mais tão menina, resolveram aparar suas asas para que ela não subisse mais em árvores. Não era adequado para uma mocinha, diziam. Não gostava que cortassem suas asas e começou a ficar rebelde. Num dia de casamento da chuva com o sol, abriu a janela e viu de longe um arco-íris. Sem pensar muito, alçou um vôo bem alto, entrou pelas nuvens, misturou-se às cores difusas daquele arco e de lá não voltou mais. Deve ter encontrado o pote de ouro.

(Imagem: Google)

3 comentários:

Erica de Paula disse...

Que texto lindo!!!

* E vamos espalhar vida por ai, querida!

Bjos e boa semana!

S* disse...

O pote de ouro somos nós que o construimos. A vida é nossa... temos de saber vive-la.

Evandro Marques disse...

Acho q vou vê-la, da próxima vez q ver um arco-íris.