domingo, 11 de outubro de 2009

Em busca do melhor ângulo

Tenho formação católica, estudei em colégio de padres. Doces anos sob os princípios pregados pelas escolas salesianas. Guardo muitas lembranças boas dos meus tempos de escola. Passo em frente ao colégio e me emociono. Hoje, em um de seus muros está escrito "Uma vez Salesiano, sempre Salesiano". É verdade. É uma grande família. Eu cresci lá. Sinto saudades. Costumava brincar que existiam passagens secretas e segredos misteriosos que os padres escondiam. Acho que li Aghata Christie demais e tomei gosto pela espionagem. Lembro que um dos livros que mais gostei de ler na escola se chama "O gênio do crime". Não sei quem é o autor.

Então, católica por formação. Não muito praticante nos últimos tempos, talvez por ter consciência dos males que a igreja católica já praticou, talvez por não concordar com alguns de seus dogmas, talvez por saber que religiões funcionam como forma de exercer controle sobre as pessoas. Mas não consegui até hoje encontrar refúgio espiritual em outra religião. Às vezes digo que sou ecumênica, creio um pouco em cada coisa. Mas não é bem verdade. Há religiões nas quais definitivamente não creio.

Na igreja católica existem alguns sacramentos. O primeiro deles é o batismo. O que abre as portas para os demais. O necessário para que a pessoa se incorpore a Cristo e ao catolicismo. O batismo sempre teve um significado importante para mim. Não tanto pelos motivos citados, mas pela madrinha maravilhosa que minha mãe escolheu para mim. Melhor escolha não poderia ser feita. Minha madrinha soube e sabe exercer de forma irretocável sua função. Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre o padrinho e o mais curioso é que ele mesmo se ofereceu para a missão, mas... da mesma forma que se ofereceu para me apadrinhar, também decidiu se "desobrigar" da tarefa.

Hoje, tive o prazer de batizar o filho de minha madrinha. Criança abençoada. Luz de nossas vidas. Para isso, tive que fazer um "curso" de batismo, no qual achava que receberia aconselhamentos sobre a importância e significado de ser madrinha de alguém. Houve isso no curso, sim, houve, mas o que mais foi enfatizado a todo momento foram as coisas que deveríamos responder ao padre na hora do batismo. "Respondam direito para o padre não reclamar com a gente depois".

Dia do batizado. Igreja confusa. Batizado coletivo. Sete crianças. Pais, padrinhos e convidados agitados. Chuva abundante. Durante a celebração, mal ouvia o que o padre dizia. A preocupação maior era em tirar fotos pelo melhor ângulo. Vamos ver quem aparece mais. As respostas que deveríamos dar ao padre eram ditas por ele mesmo. "Quando eu perguntar, respondam isso, respondam aquilo". Mesmo assim, poucos respondiam, estavam muito ocupados a procura do melhor ângulo, como já disse. A beata da paróquia, assustada, respondia às perguntas do padre em voz alta para tentar salvar a celebração. Na hora de molhar a cabeça das crianças, uma confusão generalizada. Uns querendo passar na frente dos outros, sempre em busca do melhor ângulo, afinal aquele momento não poderia escapar aos flashes. Alguns ali sequer devem frequentar a igreja. Os filhos e afilhados talvez só retornem para realização de casamento, por pura tradição, ou moda, ou sabe-se Deus o quê. No curso que fiz antes do batizado, perguntou-se a uma mãe que estava presente o motivo pelo qual desejava batizar o filho. Sua resposta: "Não sei. Todo mundo batiza, também quero batizar o meu". Todos em busca do melhor ângulo.

Seja como for, nem eu mesma sei se boto fé nesse ritual católico. Deus sabe o amor que tenho pelo meu afilhado e o acompanhamento que petendo dar a ele por toda a vida. Esse é meu compromisso. O meu melhor ângulo não poderia ser registrado, pois não estava visível aos olhos, estava pulsando de felicidade e vontade de honrar minha missão.

6 comentários:

Abraão Vitoriano disse...

o batismo faz parte de uma simboligia, mas o amor é real e pode ser tocado...

adorei o texto,
uma mega beijo.

do menino-homem.

Priscila disse...

Q lindo!
Sobre o q vc falou do Salesiano... tenho essa mesma opinião. É incrível qd passo pela frente do colégio me vem uma sensação de conforto, as lembranças fazem algazarra em minha mente p ver quem chega primeiro. Qt ao livro, eu tb li o Gênio do Crime. ADOREI e tenho ele até hj! Mas o livro q eu jamais esqueci, q eu lia com aquela sede de criança curiosa foi- O SEGREDO DA CASA AMARELA kkkkkkkkkkkkk

Depois quero ver as fotos do seu pimpolho no batizado. =**

S* disse...

Gosto muito desse momento, é intenso. Abençoa a vida. :P

Leila (Lampa, rs) disse...

Poxa amiga...finalmente coloquei de lado os "não tenho tempo" e resolvi entrar no seu blog...como dizem, nunca é tarde...
Ratifico o que Pri falou..."ê tempos bons que não voltam mais...."
Saudades das horas passadas ao lado de vcs, todo dia...das palhaçadas na sala, das horas de estudo...enfim.
Tb li o Gênio do Crime e adorei!! Acho q é unanimidade, rsrsrs
Sim, qto ao batismo, isso é só um ritual...o importante é todo o amor q sentimos pelos nosso pimpolhihos!!! rs
Amo vc e estou com saudades!!!

Andréia M. G. disse...

Leiloca, que surpresa boa ver vc por aqui! Volte mais vezes! Beijão!

Rinaldo disse...

Creio no Batismo como um presente de Deus ,uma luz a uma nova vida. (ete acho que o estado so deveria emitir uma certidao de nacimento apos o Batismo.)
nao ha festa mais linda que a de o nacimento de uma nova vida, vida esta em Cristo .
Fico feliz em ter sido Batizado e tambem de ter Batizado meus filhos numa Igreja que tem Pai Filho Espirito Santo e nao 'e Órfã de Mae. minha Igreja 'e santa Una e tem Mae .