domingo, 27 de março de 2011

Das transformações e da liberdade


Há dias em que olhamos ao redor e percebemos o quanto crescemos, o quanto mudamos e não somente nós, mas também as coisas, os outros, o tempo, a vida. É muito gratificante sentir as transformações na minha vida, no meu jeito de enxergar o mundo, de sentir as coisas, de me relacionar com as pessoas, com minha família, com as adversidades, com minha vida profissional, com a natureza... É gostoso ver as transformações no meu lar, saber que cada detalhe, seja de um quadro na parede ou de um lençol estendido na cama, tudo, tem o meu toque, o meu jeito, a minha essência. É prazeroso sentir o aconchego que existe aqui e mais ainda ouvir de amigos e pessoas especiais que sentem esse aconchego.  Houve uma parte de minha vida em que a menina ingênua tinha medo de cometer um pecado e confessava ao padre seus "desvios". Essa menina durou pouco, certamente por se distanciar demais da própria menina, que ao se olhar no espelho não conseguia ver aquela imagem refletida. A menina cresceu e questionou o mundo, a ordem estabelecida e só queria saber de uma coisa: conquistar sua liberdade. Tantos medos vencidos com bravura e tantos ainda por vencer... Hoje, essa menina já sabe que a liberdade pode ser traiçoeira, ilusória e até mesmo contraditória, mas mesmo que seja uma liberdade inventada, é indescritível a felicidade que ela proporciona.

"Liberdade? É meu último refúgio, forcei-me à liberdade e agüento-a não como um dom, mas com heroísmo: sou heroicamente livre." (Clarice Lispector, sempre com sábias palavras).

domingo, 20 de março de 2011

O "A" é meu

Desabafo: Tatuei a inicial de meu nome tão naturalmente pensando em registrar em mim algo que tivesse um significado tão meu, tão intimamente meu, mas não contei com a malícia de algumas pessoas (uma delas tão querida, por sinal) ao afirmarem que o "A" que carrego no pescoço não me pertence. Amo meu companheiro, mas não tenho culpa se seu nome também inicia com a letra "A". Quem me conhece VERDADEIRAMENTE sabe bem que não faz parte de minha personalidade "homenagear" amores assim. Mas, sempre somos julgados pelo que fazemos ou deixamos de fazer. Não gosto de ser apontada, muito menos quando se trata de inverdades. Talvez por isso me incomode tanto quando alguém afirma com tanta certeza algo que nem sequer passou em minha mente e que tão naturalmente fiz, pensando unicamente em mim mesma. O "A" é meu, muito intimamente meu. Que o ressignifiquem como "A" de alegria, esta que infinitamente faz parte do meu eu.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Fortaleza


Leoninas costumam ser fortes e esse leão que habita em mim ajuda a manter minha fortaleza. Coragem e força são a ordem. Mas (poderosa adversativa) até o bravo Aquiles tinha seu ponto fraco. Não é bom expor as fraquezas, e para alguém que carrega em si um símbolo tão forte do zodíaco, as fraquezas acabrunham. No fundo, ninguém é tão destemido.

quinta-feira, 10 de março de 2011

"Amores" brutos

O dia internacional da mulher encontrou em 2011 um forte concorrente: o carnaval. Em plena terça-feira de folia momesca, as mulheres ficaram em segundo plano. Que dia da mulher que nada! Quero sair na avenida e gritar: "Eu te amo, porra!" Assim é o refrão de uma música bastante cantada este ano. Bem distante de canções mais doces e românticas, como "a onda te trouxe, sereia do mar, princesa do céu, quero namorar", entoada em "Menina me dá seu amor", por exemplo. Muitas canções têm sido feitas na base da depreciação absoluta da mulher, ao estilo: "toma, negona, toma chupeta" ou "rala a tcheca no chão". Manifestações populares. Ok, mas muito grotescas. As músicas são quase um sexo explícito e animalesco. São "amores" brutos: "Eu te amo, porra!", gritado várias vezes com força. Toma, negona, rala a tcheca no chão, só as cachorras e as piriguetes. Ouvi uma dessas impressionantes canções que dizia que o cara estava cansado de beijo na boca e só queria fuca na catchuka e na rádio me "emocionei" com "tu desce e aquece o cu, sobe e aquece a xota, agora a mulherada vem com o peito na piroca". E quando eu penso que já ouvi tudo, eis que me deparo com uma "canção de amor", que traz em seu refrão: "pega no meu pau e chupa o meu saco, comer o seu buraco, você vai ter que dar". Uau...

É, mulheres, sexo é bom, mas não é tudo e com carinho é muito melhor. Para nosso dia, deixo um registro de minha indignação pelo que tem sido entoado sobre nós ou para nós em certas "canções".  Beijos, abraços, carinhos, afagos, conquista, declarações de amor, e por que não poesias é que precisamos. Nesses tempos de carnaval, reparei que o Chiclete com Banana tem uma boa relação de carinho conosco em suas canções, mesmo quando faz alusão ao sexo: "Eu quero é te amar, me entregar ao prazer, amanhecer em seus braços até o dia amanhecer." Com dois dias de atraso, mas ainda em tempo: Feliz dia internacional da mulher! E que os homens tragam para nós, assim como diz a canção, o brilho das estrelas, nos entreguem o mundo inteiro e nos chamem de meu bem. :-)